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| - “O normal é que à direita do PSD haja 12%, 13% ou 14% de votos. A única vez que não foi assim foi a última vez em 2019 comigo. Aliás, é curioso, eu recentro o partido e depois consigo entrar pela direita, só houve 8% de votos à direita do PSD [em 2019]”, afirmou Rui Rio, líder do PSD, em entrevista à TVI no dia 1 de fevereiro.
Estava a ser questionado sobre o resultado obtido por André Ventura, líder do partido Chega, nas eleições presidenciais, nomeadamente a sua reacção na noite eleitoral em que parecia estar “muito contente com a votação do Chega no Alentejo”. Nesse contexto, Rio justificou-se da seguinte forma: “Aquilo que eu pretendi mostrar é que essas teses mirabolantes de que os votos do Chega saem todos do PSD não são verdade“.
No que respeita à alegação sobre as votações em partidos “à direita do PSD” em eleições legislativas, tem sustentação factual?
Começando pelas legislativas de 2019 em que, segundo Rio, “só houve 8% de votos à direita do PSD”. Na realidade, em 2019, os partidos à direita do PSD obtiveram 8,06% dos votos no total: 4,22% para o CDS-PP, 1,29% para o Chega, 1,29% para o Iniciativa Liberal, 0,77% para o Aliança, 0,33% para o PNR e 0,16% para o PPM. Neste ponto, Rio foi rigoroso.
Recuando até às eleições legislativas de 2015, não é possível calcular a votação à direita do PSD, na medida em que concorreu aliado ao CDS-PP na coligação “Portugal À Frente”, recolhendo então 36,86% dos votos.
Nas eleições legislativas de 2011, a percentagem de votos à direita do PSD correspondeu a 12,65% do total. No ano em que Pedro Passos Coelho foi eleito primeiro-ministro pela primeira vez, o CDS-PP arrecadou 11,7% dos votos. Em menor escala, o PNR obteve 0,32% dos votos, o PPM obteve o,27%, o PND obteve 0,21% e o PPV obteve 0,15%.
Em 2009, a votação nos partidos à direita do PSD totalizou 11,43% do total, a saber: CDS-PP (10,43%), PND (0,38%), PPM (0,27%), PNR (0,2%) e PPV (0,15%). Ou seja, ligeiramente abaixo do patamar indicado por Rio.
Analisando os resultados eleitorais de 2005, verifica-se que o CDS-PP recolheu 7,26% dos votos, ao passo que os outros dois partidos mais à direita do PSD, o PND e o PNR, somaram 0,70% e 0,16% dos votos. Ou seja, no total, esses três partidos conquistaram 8,12% dos votos. É uma diferença significativa relativamente à percentagem (12% a 14%) indicada por Rio.
Em 2005 verifica-se que o CDS-PP recolheu 7,26% dos votos, ao passo que os outros dois partidos mais à direita do PSD, o PND e o PNR, somaram 0,70% e 0,16% dos votos. Ou seja, no total, esses três partidos conquistaram 8,12% dos votos. É uma diferença significativa relativamente à percentagem (12% a 14%) indicada por Rio.
Por sua vez, nas legislativas de 2002, os partidos que se posicionavam à direita do PSD – que nesse ano chegou aos 40,15% -conquistaram 9,05% dos votos. O CDS-PP alcançou 8,75%, o PPM quedou-se por o,23% e o PNR não foi além de 0,07%. Mais uma vez, a alegação de Rio é contrariada pelos números oficiais.
Em 1999, ano em que o PS formou o segundo Governo liderado por António Guterres como primeiro-ministro, a votação à direita do PSD correspondeu a 8,68% do total de votos. O CDS-PP chegou a 8,38% e o PPM ficou-se por 0,30%.
Recuando ainda mais até 1995, a votação à direita do PSD limitou-se ao CDS-PP que arrecadou 9,05% dos votos.
Há mais exemplos no passado (nomeadamente nas duas maiorias absolutas do PSD liderado por Cavaco Silva) de votações nos partidos à direita do PSD inferiores ao patamar de 12% a 14% indicado por Rio, pelo que classificamos tal alegação como falsa ou errada.
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Avaliação do Polígrafo:
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