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  • “Especialmente dedicada aos ‘ministros’ Poiares Maduro e Maria Luís Albuquerque pelas suas ‘brilhantes’ declarações proferidas acerca da sustentabilidade das reformas”, lê-se no primeiro parágrafo do texto viral que é atribuído a Adriano Moreira, sob o título “Indecoroso“, com origem em blogs e partilhado por milhares de pessoas nas redes sociais. “Vergonha é comparar a reforma de um deputado com a de uma viúva; vergonha é um cidadão ter que descontar 40 ou mais anos para receber reforma e aos deputados bastarem somente três ou seis anos conforme o caso e que aos membros do Governo para cobrar a pensão máxima só precisam do juramento de posse; vergonha é que os deputados sejam os únicos trabalhadores deste país que estão isentos de 1/3 do seu salário em IRS e reformarem-se com 100% enquanto os trabalhadores se reformam na base de 80%”, enumera o suposto autor do texto. E prossegue: “Vergonha é pôr na Administração milhares de assessores (leia-se amigalhaços) com salários que desejariam os técnicos mais qualificados; vergonha é a enorme quantidade de dinheiro destinado a apoiar os partidos, aprovados pelos mesmos políticos que vivem deles”. Ainda há mais exemplos de “vergonha” e no final do texto lança-se um apelo: “Esta deveria ser uma dessas correntes que não deveriam romper-se pois só nós podemos remediar tudo isto. Além disso, será uma vergonha se não reenviarem. ‘Não fazemos agravo a ‘ninguém’, salvo o escândalo de termos princípios, e História, e coragem, e razão”. É verdade que este texto foi escrito ou proferido em algum discurso por Adriano Moreira? Não. É um texto claramente apócrifo que já se tinha propagado através de blogs e nas redes sociais há alguns anos e que entretanto, nas últimas semanas, voltou a tornar-se viral. A única parte do texto que pode ser atribuída corretamente a Adriano Moreira é a última frase que transcrevemos novamente: “Não fazemos agravo a ‘ninguém’, salvo o escândalo de termos princípios, e História, e coragem, e razão”. Essa frase foi retirada do livro “A Espuma do Tempo – Memórias do Tempo de Vésperas”, de Adriano Moreira, e aparece completamente descontextualizada no final do texto apócrifo. Eis a passagem original no livro de memórias do antigo ministro do Ultramar: “A utopia teve uma das expressões maiores com as inquietações do Engenheiro Trigo de Morais, um transmontano responsável pelos colonatos. Doente no Hospital do Ultramar desejou que o visitasse, e foi para me pedir que o mandasse enterrar no colonato para se misturar aos alicerces da obra que empreendera. Por ali ficaria quando o tempo chegou. Claro que a visita a Moçambique era uma oportunidade excelente para meditar longamente com Sarmento Rodrigues sobre a perspectiva nacional, estando ambos convictos de que, como declarei no discurso que fiz no Conselho Legislativo, em 27 de Setembro, desta forma ‘não fazemos agravo a ninguém, salvo o escândalo de termos princípios, e História, e coragem, e razão'”. *** Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social. Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é: Falso: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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