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  • O que estão compartilhando: que vazou um áudio em que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, diz que seu objetivo é “arruinar a economia”, “aumentar o desemprego”, “destruir o comércio” e “deixar o povo desabastecido”. O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O áudio atribuído ao ministro Flávio Dino foi retirado de um vídeo de um canal do YouTube chamado “Bastidores do Brasil”. O vídeo original é uma animação que satiriza a figura do ministro. Conforme especialista consultado pelo Verifica, o áudio do vídeo foi gerado por ferramentas de deepfake, uma técnica que usa inteligência artificial. Em nota, o Ministério da Justiça afirmou que a peça disseminada é uma “tentativa grosseira de imitação e imputação de atitudes criminosas”. Saiba mais: De acordo com postagens desinformativas, o suposto áudio “vazado” do ex-governador do Maranhão mostraria seus “interesses ocultos”. Somente no TikTok, as publicações que reproduzem o áudio somam mais de 500 mil visualizações, com comentários ressaltando o “plano do governo atual”. Os seguintes “objetivos” foram atribuídos a Dino no áudio verificado: “Arruinar a economia”; “Aumentar o desemprego”; “Destruir o comércio”; “Deixar o povo desabastecido”; “Falir as empresas e falir também o agronegócio”; “Invadir terras”; “Controlar o exército”; “Desmobilizar as polícias”; “Desarmar o cidadão de bem”; “Criar uma Guarda Nacional”; “Presidiários libertos”; “Aparelhar tribunais de contas com parentes e esposas dos nossos companheiros”; “Pagar a mídia para distorcer os fatos e subjugar o povo pelo medo de se expressar pelo medo de ser cancelado ou até de ser preso”. De acordo com o áudio falso, Flávio Dino teria pregado o fim das redes sociais para “acabar com Bolsonaro”. A peça desinformativa também alega que o ministro teria dito que o governo tem o controle da mídia e da imprensa, mas que isso não seria o suficiente. No X (antigo Twitter), o ministro afirmou que “a prova da falsidade é evidente, à luz do conteúdo estapafúrdio e do estilo ridículo com que o discurso é proferido”. Em nota ao Estadão Verifica, o Ministério da Justiça também desmentiu o conteúdo e alegou que “trata-se de uma tentativa grosseira de imitação e imputação de atitudes criminosas ao Senador Flávio Dino”. Áudio foi retirado de vídeo satírico no YouTube A peça desinformativa foi originada a partir de um vídeo no YouTube, do canal Bastidores do Brasil. O canal costuma fazer vídeos contrários ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva por meio de animações. O áudio original é do episódio “Não! O governo não está fracassando!”. É possível identificar o áudio a partir do minuto 1:40. De acordo com Mario Gazziro, professor de Engenharia de Informação da Universidade Federal do ABC (UFABC), a análise das estatísticas do áudio apontou 31 repetições exatas dos mesmos cinco trechos. Isso indica, portanto, que as pausas da gravação foram introduzidas com uso da ferramenta de copiar e colar. Gazziro explica que, em um áudio verídico, é normal não encontrar nenhuma repetição, uma vez que todo intervalo de silêncio tem um ruído ambiente – e esses ruídos nunca são iguais. “O silêncio sempre tem um pouco de ruído, que chamamos de conforto”, diz. A presença de trechos repetitivos também indica que a gravação não foi feita por um imitador, uma vez que o áudio não teria pausas bruscas e nem trechos repetidos. De acordo com Gazziro, os responsáveis pela criação do áudio gravaram cinco trechos de silêncio com o microfone e os utilizaram para conectar 31 partes previamente geradas por deepfake. Conforme já explicado pelo Verifica e Projeto Comprova, o termo deepfake denomina uma técnica que consiste na criação de conteúdos não reais produzidos com auxílio de inteligência artificial (IA). São mídias artificiais geradas a partir de arquivos reais de determinada pessoa e com uso de um algoritmo de aprendizado de máquina (machine learning). Como lidar com postagens do tipo: A peça verificada utiliza um conteúdo falso para desinformar sobre uma figura pública em evidência. Caso o áudio fosse verídico, ele seria analisado e noticiado pela imprensa. Suspeite de conteúdos “escandalosos” sem uma cobertura de jornais confiáveis.
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