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| - “Quer saber porque é que não haverá uma invasão russa em larga escala da Ucrânia como os EUA dizem? É só olhar para este gráfico que mostra a dependência europeia ao gás russo. Tudo isto é dinheiro que entra em Moscovo” A Europa não quer passar frio e a Rússia não quer passar fome”, lê-se no post de 15 de fevereiro, com origem numa página do Facebook que tem mais de 70 mil seguidores.
O gráfico em causa tem um carimbo da Agence France-Presse (AFP) e apresenta dados relativos a 2019, indicando como fonte o Eurostat, gabinete de estatísticas da União Europeia.
Esses mesmos dados constam de um boletim do Eurostat, no qual se destaca que a Rússia é o principal fornecedor de petróleo bruto, gás natural e combustíveis fósseis sólidos da União Europeia.
“A estabilidade do fornecimento energético da União Europeia pode estar sob ameaça se uma elevada proporção das importações estiver concentrada em relativamente poucos parceiros externos. Em 2019, quase dois terços das importações de petróleo bruto da União Europeia eram provenientes da Rússia (27%), Iraque (9%), Nigéria e Arábia Saudita (ambos 8%) e Cazaquistão e Noruega (ambos 7%)”, lê-se no documento.
Relativamente a 2019, uma análise similar mostra que “quase três quartos das importações de gás natural da União Europeia vieram da Rússia (41%), Noruega (16%), Argélia (8%) e Qatar (5%), enquanto que mais de três quartos de combustível sólido (principalmente carvão) provenientes da Rússia (47%), Estados Unidos (18%) e Austrália (14%)”.
E quão dependente é Portugal de energia produzida fora da União Europeia?
“A taxa de dependência mostra até que ponto uma economia depende de importações para atender às suas necessidades energéticas. É medido pelo peso das importações líquidas (importações – exportações) no consumo bruto de energia interior (ou seja, a soma da energia produzida e das importações líquidas)”, explica-se no boletim do Eurostat.
“Na União Europeia, em 2019, a taxa de dependência era igual a 61%, o que significa que mais de metade das necessidades energéticas da União Europeia foram satisfeitas por importações líquidas”. Esta taxa varia entre mais de 90% em países como Malta, Luxemburgo e Chipre e vai até aos 5% na Estónia. “A taxa de dependência das importações de energia aumentou desde 2000”, ano em que era de apenas 56%.
Em Portugal, a taxa de dependência de petróleo bruto, gás natural e combustíveis sólidos rondou, em 2019, os 74%, sendo que no ano de 2000 era superior a 85%. Como já foi referido, a União Europeia depende principalmente da Rússia para as importações dos três tipos de energia, sendo a Noruega o segundo principal fornecedor de petróleo bruto e gás natural.
Em 2020, e segundo esta infografia do Eurostat, o gás natural importado por Portugal tinha origem maioritária na Nigéria, seguida pelos Estados Unidos e só depois pela Rússia. O cenário é parecido para países como a Alemanha, a França e a Itália, onde a Rússia estava pelo menos nas três primeiras posições de fornecedores de gás natural em 2020.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
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Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.
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