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  • Várias publicações, que circulam na rede social Facebook, estão a propagar uma informação relacionada com o conflito na Ucrânia e com o esforço de guerra que caberá aos aliados de Kiev. Segundo essas mesmas publicações, todos os países da NATO serão a partir de agora obrigados a enviar material militar para a Ucrânia. “As entregas de armas a Kiev serão obrigatórias para os países da NATO e serão coordenadas por estruturas de comando sob a liderança do General Kavoli [responsável pelas forças norte-americanas na Europa]”, diz um dos posts, atribuindo a citação ao secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg. Será mesmo assim? Desde o início da guerra, em 2022, que vários membros da NATO têm enviado vários tipos de armas e outros tipos de material militar para a Ucrânia. Segundo uma análise do estudo do Instituto Internacional de Estocolmo para a Investigação da Paz, feita em março deste ano, os maiores fornecedores foram, de longe, os Estados Unidos, que enviaram 39% do total da ajuda militar para as forças ucranianas enfrentarem a agressão russa. De seguida, surgem a Alemanha e a Polónia, com 14% e 13%, respetivamente. Estes três países fazem parte da NATO. No entanto, e apesar de a esmagadora maioria da ajuda enviada para Kiev ter tido origem nos Estados que compõem a Aliança Atlântica, nem todos os países da NATO foram em auxílio da Ucrânia. O caso mais mediático será talvez o da Hungria — cujo governo de direita-radical de Viktor Órban recusou sempre enviar material militar para Kiev, tendo até tentado bloquear alguns pacotes de ajuda financeira e militar elaborados pela União Europeia. Agora, segundo as publicações do Facebook, até Budapeste seria obrigado a auxiliar a Ucrânia. Mas tal obrigação não corresponde à realidade. O secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, nunca anunciou tal obrigatoriedade. No dia 12 de junho, o norueguês deu, de facto, uma conferência de imprensa (uma das últimas enquanto responsável máximo da NATO, uma vez que o mandato está prestes a terminar), em que criticou os atrasos dos países aliados na entrega do prometido financiamento para a compra de material militar. “Vimos que os Estados Unidos passaram seis meses a concordar com um aumento da ajuda para a Ucrânia. Também vimos que algumas das promessas que os aliados europeus fizeram não foram cumpridas. E se transformarmos isso não em contribuições voluntárias, mas em compromissos da NATO, é claro que se tornará mais robusto, se tornará mais confiável. E, por todas essas razões, acredito que um papel mais forte da NATO ajudará a Ucrânia a obter a previsibilidade de que precisa”, disse Stoltenberg, sugerindo aos países da aliança que se comprometessem com uma ajuda mais regular a Kiev. O secretário-geral quer estabelecer um fundo anual de 40 mil milhões de euros para apoiar a Ucrânia — fundo a que a Hungria já anunciou que não se vai juntar. No entanto, nem na declaração que fez nem nas respostas que deu aos jornalistas presentes Stoltenberg anunciou que os aliados seriam obrigados a ajudar militarmente a Ucrânia. Para além disso, não há qualquer registo de que Stoltenberg ou outro alto funcionário da NATO tenham alguma vez admitido ou anunciado tal regra. Conclusão Os países da NATO não serão obrigados a entregarem armas ou outro tipo de material militar à Ucrânia. O que o secretário-geral da Aliança, Jens Stoltenberg, anunciou foi que vai ser criado um fundo anual de 40 mil milhões de euros para apoiar a Ucrânia — mas cuja contribuição não é obrigatória para os Estados-membros da NATO. Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é: ENGANADOR No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é: PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta. NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de factchecking com o Facebook.
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