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| - Segundo declarações proferidas hoje pelo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, a área ardida em Portugal durante o presente ano de 2019 é inferior em 26% à registada em 2018 e 42% em relação à média dos últimos 10 anos.
“Não quero fazer balanços, registo apenas que a área ardida é inferior a 26% à do ano passado e 42% inferior à média dos últimos 10 anos”, disse Eduardo Cabrita, após a reunião semanal do Centro de Coordenação Operacional Nacional, na Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em Carnaxide.
O ministro da Administração Interna avançou ainda que, desde o início do ano, 95% dos incêndios que ocorreram “têm menos de 10 hectares“, o que significa que são “dominados pela intervenção inicial dos bombeiros voluntários”.
De acordo com Eduardo Cabrita, em 2019 registaram-se, até ao dia de hoje, 6.800 incêndios, lembrando que as últimas duas semanas assistiu-se a “condições tecnicamente caracterizadas como difíceis”.
No que respeita especificamente à área ardida em 2019, até ao momento, confirma-se que é inferior em 26% à que foi registada em 2018? Verificação de factos.
Ora, consultando os dados mais recentes do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) sobre incêndios rurais, plasmados no “3º Relatório Provisório: 1 de janeiro a 31 de julho“, verifica-se que “a base de dados nacional de incêndios rurais regista, no período compreendido entre 1 de janeiro e 31 de julho de 2019, um total de 6.498 incêndios rurais que resultaram em 23.913 hectares de área ardida, entre povoamentos (12908 ha), matos (8037 ha) e agricultura (2968 ha)”.
Mais, “comparando os valores do ano de 2019 com o histórico dos 10 anos anteriores, assinala-se que se registaram menos 35% de incêndios rurais e menos 36% de área ardida relativamente à média anual do período (quadro 1). O ano de 2019 apresenta, até ao dia 31 de julho, o 4.º valor mais reduzido em número de incêndios e o 5.º valor mais reduzido de área ardida, desde 2009″.
Na comparação direta com 2018, porém, o facto é que a área ardida em 2019 (no referido período temporal até ao dia 31 de julho) é superior e não “inferior em 26%”, ao contrário do que afirmou hoje o ministro da Administração Interna. No mesmo período temporal de 2018, a área ardida foi de 5.760 hectares, bastante inferior aos 23.913 hectares registados em 2019.
Correção: Em reação a este artigo recebemos entretanto a indicação do gabinete do ministro da Administração Interna de que, na afirmação em causa, Eduardo Cabrita referia-se a dados recolhidos até ao dia de hoje, 6 de agosto. Ora, o relatório do ICNF apresenta dados somente até ao dia 31 de julho. Para comprovar a veracidade da afirmação, o gabinete do ministro remeteu para o Polígrafo os dados mais recentes, até ao dia 6 de agosto, com origem no Sistema de Gestão de Informação de Incêndios Florestais.
Consultando esses dados mais recentes e que não estão disponíveis para consulta pública, verifica-se que, de facto, houve um grande aumento da área ardida nos primeiros seis dias de agosto de 2018 (por causa do incêndio de Monchique), passando então de 5.760 para 34.152 hectares no total.
E conclui-se assim que a afirmação de Eduardo Cabrita, referindo-se a dados até ao dia 6 de agosto, é verdadeira: a área ardida em Portugal durante este ano, até ao dia 6 de agosto, é inferior em 26% à que se registou no mesmo período de tempo em 2018. Ou, mais rigorosamente, é inferior em 26,6%. Corrigimos assim a avaliação inicial que se baseava nos dados oficiais públicos mais recentes.
Avaliação do Polígrafo:
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