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| - “A União Europeia apoia 30 vezes mais o esforço de guerra russo do que o ucraniano“, denuncia-se em publicação no Facebook, de 2 de maio. “São mais de 63 mil milhões de euros desde que a guerra começou, ou 1,1 mil milhões por dia, para a Rússia, a absurda hipocrisia dos nossos governantes”, conclui-se.
Os dados não são novos, já foram noticiados e os valores (não a proporção) já foram verificados pelo Polígrafo. De acordo com o Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo (CREA), que analisou os movimentos de transporte e cargas, a Europa continua a financiar indiretamente, através de importações de combustíveis fósseis, a guerra de Vladimir Putin. De outra forma, a Rússia ficaria a perder:
“A curto prazo, a Rússia não tem um substituto para a Europa como fonte de exportações (…) Reconhecendo esses fatores, a Agência Internacional de Energia previu uma queda de quase 15% na produção de petróleo no final de abril e de 25% em maio. No entanto, a realidade é que o aumento dos preços dos combustíveis fósseis mais do que compensa a redução nos volumes.”
De acordo com o CREA, em mais de dois meses a Rússia exportou, de facto, 63 mil milhões de euros em combustíveis fósseis. Isto deste o início da invasão da Ucrânia, ou seja, dia 24 de fevereiro. Note-se que só a União Europeia foi responsável pela importação de 71% deste montante, o que corresponde a 44 mil milhões de euros (e não 35 mil milhões de euros como destaca a publicação em causa).
Ainda assim, este valor (35 mil milhões de euros) tem uma origem. Quem o trouxe para discussão foi Josep Borrell, alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, num discurso proferido no Parlamento Europeu. De acordo com Borrell, e com os números oficiais mais recentes sobre os gastos da União Europeia, em 41 dias, os Estados-membros compraram gás, petróleo e carvão da Rússia no valor global de 35 mil milhões de euros.
Apesar da diferença de valores, a verdade é que as estimativas são sempre bastante superiores ao valor prometido pela União Europeia em ajuda militar para a Ucrânia, tal como salientou Borrell:
“A União Europeia prometeu mil milhões de euros em ajuda militar para a Ucrânia. Pode parecer muito, mas isso é praticamente o que pagamos a Putin todos os dias pela energia que ele nos fornece. Desde o início da guerra, já lhe demos 35 mil milhões de euros. Comparem isso aos mil milhões que demos à Ucrânia em armas.”
Em suma, dados confirmados, importa ressalvar que a comparação feita no post em análise é descabida. Primeiro, porque mistura o valor total de importações efetuadas pela União Europeia com a ajuda enviada à Ucrânia. Segundo, porque no caso da Rússia consiste em trocas comerciais e não apoio militar para a guerra. Classificamos assim este post como descontextualizado.
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