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| - “É a este gente que o nazi Mário Machado está a apelar? O timing e a linguagem levam a crer que sim”, comenta-se numa das publicações do suposto tweet atribuído a Mário Machado, fundador e líder de movimentos nacionalistas, neonazis e de extrema-direita como a Frente Nacional, Nova Ordem Social ou Hammerskins Portugal.
Trata-se de uma mensagem em forma de “aviso”, dirigido a quem defende a ilegalização do partido Chega, liderado por André Ventura. “Aviso! Extinguem o Chega e no dia seguinte vão ter dezenas de organizações de extrema-direita ao estilo paramilitar com que nunca vão conseguir lidar. Sem a opção política/partidária, resta a revolucionária e muitos dos que hoje acreditam na democracia engrossarão essas fileiras”, terá escrito Machado.
Confirma-se a autoria e autenticidade dessa mensagem?
Sim. No dia 17 de fevereiro de 2021, Mário Machado publicou uma mensagem similar na sua página no Twitter. A réplica que está a circular nas redes sociais tem exatamente o mesmo texto, sem qualquer modificação.
Entre as vozes que se levantaram em defesa da ilegalização do Chega destaca-se a de Ana Gomes. Durante a campanha para as eleições presidenciais foram várias as ocasiões em que a diplomata de carreira e antiga eurodeputada assumiu que, caso fosse eleita, não daria posse a um Governo sustentado pelo Chega, assim como iria requerer a reapreciação da legalidade do partido.
Apesar de não ter vencido as eleições, a ex-candidata à Presidência da República avançou, no início de fevereiro, com uma queixa formal na Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo a ilegalização do partido liderado por André Ventura e uma investigação ao seu financiamento.
Ana Gomes apresentou uma lista de mais de 40 pontos, com citações e publicações de vários media a justificar a participação. “O Tribunal Constitucional e o Ministério Público não podem continuar a eximir-se à responsabilidade que lhe está cometida”, defendeu, solicitando à PGR que “instrua o Ministério Público a desencadear um processo de reapreciação da legalidade do partido Chega pelo Tribunal Constitucional e de consideração da eventual extinção judicial desse partido“.
Em dezembro de 2020, a Provedoria da Justiça informou que tinha recebido, desde outubro de 2019, cerca de 300 queixas por “ideias alegadamente fascistas ou racistas e xenófobas” promovidas pelo partido de Ventura. A extinção do Chega tem sido defendida, igualmente, através de várias petições online, assinadas por milhares de cidadãos.
Na publicação sob análise, Machado avisa que, caso a extinção do partido se concretize, serão vários os movimentos de extrema-direita a revoltarem-se contra a decisão. De facto, tal como o Polígrafo já verificou anteriormente, é verdade que vários membros ou ex-membros das fileiras do Chega pertenceram a partidos de extrema-direita e movimentos neonazis.
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Avaliação do Polígrafo:
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