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| - “Albuquerque o Mentiroso, em 2018 os hospitais não são para vender, em 2023 vamos lá vender hospitais!”, lê-se na legenda de um vídeo que está a ser divulgado nas redes sociais desde 28 de fevereiro. São exibidas duas notícias, na primeira, de 6 de dezembro de 2018, destaca-se no título: “Hospitais da Madeira são património da região e não vão fechar – Governo Regional.”
A segunda notícia data de 20 de fevereiro de 2023 e nela destaca-se que “Miguel Albuquerque quer vender o Hospital Dr. Nélio Mendonça”.
Trata-se mesmo de uma contradição por parte do Presidente do Governo Regional da Madeira?
Recuemos até 2018. Em dezembro desse ano o Governo Regional da Madeira assegurou, segundo a Lusa, que o destino dos hospitais dos Marmeleiros e Dr. Nélio Mendonça é da sua responsabilidade e não da República, afastando a possibilidade do encerramento de alguma destas unidades nessa altura.
“Foi uma ‘chica espertice’ do Governo Central. Quando fizemos a candidatura [da construção do novo hospital] a Projeto de Interesse Comum (PIC), avaliámos as nossas infraestruturas de saúde, nunca se pôs em causa vender esta ou aquela”, declarou então Amílcar Gonçalves, secretário regional dos Equipamentos e das Infraestruturas da Madeira.
Acompanhado pelo titular da pasta da Saúde do executivo madeirense, Pedro Ramos, complementou que apenas foi uma questão de avaliação do “parque hospitalar” da Madeira e “o Governo central achou que, como estava avaliado, era para vender”. Por isso, opinou: “Penso que foi um artifício que o Governo central arranjou para prejudicar, uma vez mais, a Madeira” ao incluir esta avaliação no valor da comparticipação do Estado para a construção do novo hospital, que tinha um custo estimado em 340 milhões de euros. O Governo Central tinha assumido o compromisso de ajudar com 50% do valor total da construção.
Amílcar Gonçalves falava no âmbito de uma visita às obras de requalificação que decorriam no hospital dos Marmeleiros, situado nos arredores do Funchal. Salientou que o Governo Regional estava a fazer obras naquele hospital e declarou que essa unidade “nunca seria vendida”. Não se referiu, no entanto, de forma direta ao hospital Dr. Nélio Mendonça, aquele que atualmente Miguel Albuquerque pretende colocar à venda. Defendia-se sim, que os dois hospitais não eram propriedade do Governo Central e que, como tal, não poderiam ser vendidos de modo a que os fundos revertessem para a contribuição do Estado para o projeto do novo hospital central da Madeira.
Agora, cinco anos depois, é verdade que o presidente do Governo Regional anunciou a sua intenção de vender o Hospital Dr. Nélio Mendonça, no entanto, Miguel Albuquerque defende esta solução após a construção do novo hospital da Madeira. “A minha ideia é que essa infraestrutura seja desativada e depois o terreno alienado, no sentido de depois esse dinheiro ser incorporado na saúde pública regional. Não faz sentido ter dois hospitais a funcionar”, afirmou em declarações à Antena 1.
Contactado pelo Polígrafo, o Governo Regional da Madeira não quis comentar a acusação de contradição aqui analisada.
Em suma, o post alvo de verificação relaciona, sem o devido contexto, duas notícias em que o Governo Regional da Madeira se pronuncia sobre a venda de hospitais antigos que serão substituídos pelo hospital central em construção na região autónoma. A primeira notícia refere-se à intenção expressa de o Governo Regional negar-se a incluir o produto da venda destes hospitais para a construção das novas instalações. A segunda notícia surge anos depois, quando Miguel Albuquerque se refere à venda de uma das unidades, assim que o novo hospital esteja pronto, por deixar de haver necessidade de ter as unidades hospitalares abertas em simultâneo.
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Avaliação do Polígrafo:
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