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| - Os Açores e as eleições regionais de 4 de fevereiro são tema de abertura de quase todos os debates televisivos para as legislativas de 10 de março. Não foi diferente no frente a frente de André Ventura e Luís Montenegro, ainda mais quando lideram os dois partidos cujo desentendimento político deu origem à eleição antecipada na região autónoma.
“Quem é que duplicou os votos nos Açores? Foi o Chega, não foi a AD.”, questionou André Ventura, para logo receber a resposta de Montenegro: “Quem ganhou as eleições foi a AD. Com mais votos.”
No meio da troca de argumentos, Ventura lançou a seguinte questão, referindo-se ao Chega: “Mas qual foi o único partido que cresceu?” Será verdade que este partido foi o único a crescer nas eleições regionais?
Olhemos para os detalhes do resultados das eleições regionais nos Açores. O Chega teve mais 5.366 votos em 2024 — arrecadou 10.626 — do que em 2020, quando teve 5.260. Foi de facto uma duplicação de número de votos, um crescimento de 102%, como referido por André Ventura e constitui uma variação de 4,1 pontos percentuais no total da percentagem eleitoral entre os dois atos, já que o Chega passou de 5,1% para 9,2%. Mas é falso que tenha sido “o único partido a crescer”.
A Aliança Democrática, que em 2020 foi a eleições separada, também cresceu. Há quatro anos, PSD, CDS e PPM obtiveram 41,5% da votação, em conjunto. Ou seja, em 2024, ao conseguirem 42,1%, tiveram um crescimento de 0,6 pontos. Aliás, como referiu Montenegro, a coligação com o seu partido cresceu “mais em número de votos do que o Chega”. Teve mais 5.412 votos do que em 2020 (os três partidos juntos), contra mais 5.366 obtidos pelo partido de Ventura em relação há quatro anos.
Ainda que de forma menos significativa, o Livre, com mais 0,3 pontos, e a Iniciativa Liberal, com mais 0,2 pontos, viram o seu número de eleitores aumentar na região autónoma a 4 de fevereiro, mesmo que sem sucesso em eleger um deputado único regional. O Livre conseguiu entre 2020 e 2024 ter mais 373 votos. Já os liberais garantiram 2.482 votos, mais 470 que nas eleições anteriores, o correspondente a 2,2% (+0,2 pontos), e conseguiram um assento na Assembleia Legislativa Regional. Nesta linha embora o PS tenha aumento o número de votos, em 837, caiu em percentagem da votação (de 39,1% para 35,9%) e a CDU teve mais 78 votos, mas perdeu percentualmente 0,1 pontos. Foram umas eleições em que a abstenção caiu, o que também permite algumas subidas de votos. PAN e Bloco tiveram menos votos.
Conclusão
É falso que, tal como afirmou André Ventura, o Chega tenha sido o único partido a crescer nas eleições para a Assembleia Legislativa Regional. Tanto a AD, como o Livre e a Iniciativa Liberal viram o seu número de votos aumentar entre os dois atos eleitorais, em termos percentuais, e em número de votos este grupo aumenta com CDU e PS.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
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