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  • “Manuel Alegre foi membro do movimento nacionalista angolano mais sanguinário de todos, a FNLA de Holden Roberto”. Esta acusação aparece em várias páginas do Facebook e, numa delas, é apresentado um suposto cartão de membro da FNLA, desdobrado, em que constam os elementos biográficos, fotografia e a alegada assinatura de Manuel Alegre. A Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) foi um dos três movimentos independentistas angolanos que entre 1961 e 1974 combateram as tropas portuguesas na guerra colonial. O histórico dirigente socialista terá mesmo pertencido à FNLA? O Polígrafo analisou o cartão e verificou a informação que lhe está associada. Grafismo do suposto cartão Mesmo que se considere possível a existência de cartões daquela organização nos anos 60/70 e que estes já utilizassem a cor, há algumas falhas insanáveis: – a imagem apresenta um cartão aberto, em plano, uno, em que a capa está à esquerda e a ficha do respetivo membro à direita. Ora, se o cartão for dobrado, para caber, por exemplo, numa carteira, aquela que deveria ser a capa passaria a ser o verso e aquele que deveria ser o verso (e assim proteger mais a informação) seria a capa; – a divisa que integra o símbolo da FNLA, “Liberdade e Terra”, nos vários materiais promocionais da organização, não está disposta em continuidade, numa única linha, mas com a palavra “Liberdade” na linha superior àquela onde fica inscrita “e Terra”; – o cartão apresentado não tem qualquer número inscrito, o que não faz sentido para um nível organizativo que já prevê a existência deste instrumento de identificação e controlo dos seus elementos; – na fotografia, Manuel Alegre aparece com uma camisa (que este, ao Polígrafo, negou alguma vez ter tido) exatamente igual à de um outro cidadão, inglês, também num pretenso cartão da FNLA. Histórico militar e civil de Manuel Alegre durante a Guerra Colonial – em agosto de 1961: incorporação, como cadete, no Curso de Oficiais Milicianos, na Escola Prática de Infantaria (Mafra); – de julho de 1962 (data em que é mobilizado) até dezembro de 1963 (quando regressa a Portugal) permanece em Angola, integrado na força militar portuguesa ou sob a sua égide; – de janeiro a julho de 1964 com permanência em Portugal (com Termo de Identidade e Residência em Coimbra, imposto pela PIDE); – de julho de 1964 a maio de 1974: exílio, passado a maior parte do tempo na Argélia. Informações prestadas por Manuel Alegre ao Polígrafo – barba não existia durante quase todo o tempo da guerra colonial (“só passei a usar barba quando o meu filho nasceu, em Agosto de 1973”); – cabelo (“tinha mais cabelo nos anos 60 e início de 70, aquela foto é claramente posterior à guerra colonial”); – roupa (“nunca tive ou usei aquela camisa”); – assinatura falsa (“nunca assinei qualquer documento assim, nem daquela forma nem apenas com aqueles dois nomes”); – nenhuma afinidade com a FNLA (“o movimento com o qual tinha mais proximidade ideológica era o MPLA e a FNLA não tinha contactos nem era bem vista na Argélia”); – nomes dos pais (“quando preenchia dados de filiação, nunca utilizaria apenas os nomes ‘José’ e ‘Maria’, pois os meus pais eram mais conhecidos como ‘Francisco’ e ‘Manuela'”). De resto, Manuel Alegre desmentiu formalmente ao Polígrafo que “alguma vez tenha pertencido à FNLA” ou que esse movimento lhe merecesse sequer “simpatia”. O cartão de membro da FNLA é forjado e Manuel Alegre nunca foi membro daquele movimento. __________________________________________ Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social. Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é: Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos. Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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