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| - Recorrendo a um cartaz da manifestação “Vida Justa”, que decorreu no último fim-de-semana, o deputado bloquista Pedro Filipe Soares fez uma declaração política na Assembleia da República, esta quarta-feira, sobre o aumento dos preços na alimentação: “‘Os lucros deles são a nossa pobreza’. Esta frase é tão acertada para mostrar as fraturas expostas que cada vez mais grassam na nossa sociedade. Olhemos por exemplo para a notícia que me chocou em particular. Diz o INE que o consumo caiu a pique em 2022, especialmente no final do ano. E onde caiu mesmo drasticamente foi na compra de alimentos.”
“Quando a crise nos chega ao prato e coloca em causa a alimentação da nossa população, é motivo para soarem todos os alarmes. Se as pessoas sentem que são roubadas de cada vez que vão ao supermercado, a verdade é que são mesmo. É cada vez mais caro colocar a alimentação na mesma, 20% mais caro do que há um ano atrás. Mas isso não é culpa de uma inflação sem rosto. É que este ano, Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce, e Sonae, dona do Continente, tiveram lucros somados de quase 700 milhões de euros”, concluiu o bloquista.
De acordo com os cálculos da “Deco Proteste”, divulgados a 23 de fevereiro, “há um ano, quem quisesse comprar um quilo de laranja, maçã gala, maçã golden, banana, tomate, couve-flor, alface, brócolos, cenoura, batata vermelha, curgete, cebola e couve-coração e um saco de alhos teria de pagar, em média, 23,60 euros. Um ano depois, a mesma cesta de frutas e legumes custa mais 7,21 euros, ou seja, um total de 30,81 euros, o que representa um aumento de 30,53 por cento”.
“Um ano depois do início da guerra na Ucrânia, praticamente todos os alimentos estão mais caros e os consumidores portugueses têm cada vez mais dificuldade em comprar bens essenciais. Entre 23 de fevereiro de 2022 e 22 de fevereiro de 2023, o preço de um cabaz de alimentos essenciais aumentou 23,40%, representando agora uma despesa adicional de 42,97 euros para as famílias, que têm de gastar 226,60 euros para abastecer a despensa”, informou ainda a Deco.
Quanto aos lucros das duas empresas mencionadas – Jerónimo Martins e Sonae – a verdade é que os últimos dados disponíveis dizem respeito ao terceiro trimestre de 2022 e não ao ano completo. Feita esta nota, os lucros obtidos pelas duas principais empresas em comércio e serviços durante esse período foram os seguintes: Sonae (210 milhões de euros) e Jerónimo Martins (419 milhões de euros). Tudo somado, são 629 milhões de euros, um valor próximo do mencionado por Pedro Filipe Soares.
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Avaliação do Polígrafo:
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