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| - “Mal Carlos Moedas divulgou no Facebook o seu projeto de Orçamento para a Câmara Municipal de Lisboa, os comentários de felicitações não se fizeram esperar. O Orçamento contempla algumas das principais medidas prometidas em campanha eleitoral, isso é excelente, mas há uma que não está lá. Uma promessa que os lisboetas que lhe deram o seu voto não esquecem e exigem ver cumprida: a retirada da ciclovia da Avenida Almirante Reis“, destaca-se no post de 6 de janeiro no Facebook.
“Espontaneamente, os lisboetas reivindicam na caixa de comentários o cumprimento da tão esperada promessa. Aqui ficam alguns desses testemunhos genuínos dos lisboetas”, acrescenta-se, exibindo várias imagens desses comentários.
Confirma-se que Carlos Moedas prometeu remover a ciclovia da Avenida Almirante Reis? E agora que exerce o cargo de presidente da Câmara Municipal de Lisboa, mantém a intenção de cumprir essa suposta promessa?
“Temos de ter aqui uma solução a curto prazo, porque a curto prazo isto não foi pensado, aliás as pessoas sabem disso, os bombeiros sabem disso, a polícia sabe disso, e depois olharmos para o longo prazo e dizer: vamos olhar para a Almirante Reis e construí-la, desenhá-la com as pessoas, para uma avenida que podia ser muito bonita, uma avenida que poderia ser mais larga, ter um perfil completamente diferente, que tenha espaço para as bicicletas, mas também para os carros“. Estas declarações são precisamente de Moedas, citado pela Agência Lusa, a 4 de fevereiro de 2022, respondendo a uma questão sobre o que pretende fazer à ciclovia da Avenida Almirante Reis, em Lisboa.
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa ressalvou também que ainda não estava tomada qualquer decisão: “Neste momento temos um acesso ao centro da cidade numa avenida importantíssima que foi reduzida a uma via de cada lado. Ora, isso as pessoas sabem que não funciona, eu sei que não funciona, mas exatamente ainda não fiz [um plano para a ciclovia] porque quero falar com as pessoas, porque quero estar a tomar essas ideias e poder construir com essas ideias, e isso implica ouvir as pessoas, que é o que estamos a fazer, ouvir os especialistas, para tomar então uma medida de curto prazo, que vai tem de ser tomada, e uma mais de longo prazo, que é repensar a Almirante Reis“.
Pouco tempo depois, a 10 de fevereiro, Moedas foi mais concreto sobre a solução que idealiza para aquela artéria da cidade, que inclui a circulação de bicicletas em vias específicas, dessa vez citado pelo jornal “Eco”.
“Precisamos de repensar a Almirante Reis. Precisamos de duas faixas. Precisamos de conseguir no fim deste mandato duas ciclovias, mas com duas faixas de cada lado. Isso era o sonho.”
Mas afinal o que prometeu Moedas fazer relativamente à ciclovia da Avenida Almirante Reis, desde que anunciou ser candidato (liderando uma coligação entre o PSD, CDS-PP, MPT, PPM e Aliança) à presidência da Câmara Municipal de Lisboa?
De facto, o término das ciclovias “mal desenhadas” constituiu uma das bandeiras do programa de ação da candidatura da coligação “Novos Tempos” à autarquia da capital portuguesa. O cabeça-de-lista, Moedas, repetiu essa ideia em diversos fóruns:
Entrevistas:
“Público“, 24 de abril de 2021
“A ciclovia da Almirante Reis é para acabar”.
“Rádio Renascença“, 24 de maio de 2021
Pergunta: “Defendeu que a ciclovia da Almirante Reis devia acabar. Acabar como está ou é preciso reajustar essa questão?”
Carlos Moedas: “Eu não sou contra as ciclovias. Eu sou contra as ciclovias mal pensadas, mal desenhadas e pouco estruturais. E aquilo da Almirante Reis está mal pensado, está mal estruturado e não pode ser feito daquela maneira (…). Portanto, realmente não faz sentido ali (…). Estas, como as da Almirante Reis não, não faz sentido.”
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Redes sociais:
[twitter url=”https://twitter.com/Moedas/status/1384878405263536130″/]
[twitter url=”https://twitter.com/moedas/status/1385941708979032067″/]
Programa eleitoral:
“Redesenhar a rede ciclável de Lisboa com enfoque na segurança, no conforto e na funcionalidade para os ciclistas e os peões, eliminando ciclovias com problemas, como seja a da Almirante Reis e desenhando-se alternativas viáveis”.
No dia 22 de dezembro de 2021, cerca de dois meses após a tomada de posse de Moedas e do seu elenco autárquico, surgiu a primeira declaração pública de que, afinal, a ciclovia da Avenida Almirante Reis não iria ser removida. Na 8.ª reunião do Executivo, Ângelo Pereira, vereador com o pelouro do Planeamento de Mobilidade, afirmou: “Não vai acabar nenhuma ciclovia em nenhuma localidade da cidade. Iremos corrigir o que está mal, manter o que está bem e iremos fazer crescer a possibilidade de os lisboetas circularem em Lisboa através da mobilidade suave.”
O Polígrafo contactou o Departamento de Comunicação da Câmara Municipal de Lisboa, questionando o presidente da autarquia sobre o motivo e contexto desta mudança de posição, mas não obteve resposta.
Assim, é verdade que Moedas – ao contrário do que prometeu na campanha para as eleições autárquicas e mesmo no programa eleitoral – admite agora manter a ciclovia na Avenida Almirante Reis.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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