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| - A citação é evidentemente falsa, pelo que vamos colocar o enfoque na alegada classificação de Portugal num suposto ranking mundial de corrupção.
Não é a primeira vez que o Polígrafo sinaliza esta alegação como sendo fake news (pode ler ou reler aqui). De facto, quase todas as publicações detectadas remetem para um estudo da consultora Ernst & Young sobre fraude e corrupção em 38 países que “coloca Portugal na quinta posição dos mais corruptos“.
Mas esse estudo foi apresentado em 2015 e a conclusão de que Portugal é “o quinto país mais corrupto do mundo” não se confirma.
“Dos trabalhadores portugueses inquiridos – de um universo de 3.800 entrevistados, de 38 países da Europa Ocidental e de Leste e do Médio Oriente, Índia e África – 83% concordam que as práticas de suborno/corrupção acontecem de uma forma generalizada em Portugal”, noticiou a Agência Lusa, a 16 de junho de 2015. “Na Croácia são 92% dos entrevistados que têm essa crença, sendo o país com pior resultado, enquanto na Bélgica são 34%, na Alemanha 26% e na Finlândia 11%, sendo a Dinamarca o país com melhor desempenho no inquérito, com apenas 4% dos inquiridos nacionais a defender que as práticas de suborno e corrupção são generalizadas”.
“‘No último ano e meio, Portugal tem sido fustigado por casos de corrupção. Por isso, os entrevistados terão mais propensão para responder positivamente’ a questões relacionadas com corrupção e fraude, afirmou Pedro Cunha, da Ernst & Young, na apresentação dos resultados do inquérito. […] Dos inquiridos em Portugal, 61% consideram que existiu uma distorção de resultados financeiros das empresas e apenas 28% consideram a ética empresarial da sua organização como ‘muito boa’. Contudo, 25% dos inquiridos em Portugal acredita ter existido uma melhoria na ética empresarial da sua empresa nos últimos dois anos”, acrescenta-se na mesma notícia.
Além da questão da data, importa salientar que o estudo da Ernst & Young não contabiliza os casos de corrupção registados em Portugal e nos restantes 37 países analisados. Também não procura apurar o nível de corrupção nesses países, através de dados estatísticos. O estudo baseia-se nos testemunhos de 3.800 entrevistados, ou seja, foca-se na percepção da corrupção dos entrevistados. Pelo que concluir a partir deste estudo que Portugal é o quinto país mais corrupto do mundo (ainda que se trate apenas de um conjunto de 38 países) não tem fundamento e induz em erro.
A fonte mais credível para aferir sobre o grau de corrupção que caracteriza um país é o Índice de Percepção de Corrupção, um relatório divulgado anualmente pela organização Transparência Internacional. De acordo com o mais recente, (disponível aqui), em 180 países e territórios analisados, Portugal situa-se na 30ª posição, numa tabela em que a Dinamarca ocupa a primeira posição (correspondente ao país menos corrupto do mundo). No último lugar da lista está a Somália que, numa escala que vai de zero (altamente corrupto) a 100 (nada corrupto), obtém apenas 10 pontos.
Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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