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  • A história não é nova e pretende apenas assustar os leitores, já que não tem qualquer fundo de verdade. A utilização de imagens de pés e mãos com lesões visíveis contribui apenas para aumentar o medo em relação às aranhas. Mas repetir várias vezes uma história falsa não a torna verdadeira. Sérgio Henriques, líder do grupo de especialistas em aranhas e escorpiões da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) e especialista da Sociedade Zoológica de Londres, explica ao Observador que a designação de “aranha marrom” é utilizada no Brasil para descrever as espécies do género Loxosceles (onde se inserem as L. adelaida, L.amazonica, L.anomala, L.cardosoi, L. carinhanha, L. chapadensis, L. ericsoni, L.gaucho, L. hirsute. L. immodesta, l. intermedia, L. karstica, L. muriciensis, L. niedeguidonae, L. puortoi; L. similis, L. troglobia e L. willianilsoni), que não existem em Portugal. Segundo o especialista, em Portugal há apenas registo da L. rufescens, por vezes chamada de reclusa-mediterrânica, uma tradução que resulta da designação inglesa (recluse spider), ou aranha-violino (também da tradução do inglês), e que descreve a mancha — em forma de violino — que estas espécies têm na cabeça. Para Sérgio Henriques, comparar estas aranhas que existem em Portugal com as que existem no Brasil seria o mesmo que os portugueses alertarem para a necessidade de ter cuidado com “a onça-parda, porque em Portugal também temos o gato-pardo”. Além do mais, acrescenta o especialista, a designação desta aranha “reclusa” aponta para uma das suas principais características: “É um animal tímido, de hábitos humildes que não se avista frequentemente.” Além disso, não “aparecem registos de mordeduras nem sequer muitas observações”, nota o especialista, ainda que esta aranha “possa ser bastante comum” no interior do país, em particular no Alentejo e no Algarve. “Não se conhece nenhuma aranha portuguesa que possa causar os sintomas de necrose que se veem nas fotos, mas estes podem ser causados por bactérias e podem acontecer em qualquer ferida que infete. O ideal é, por isso, desinfetar qualquer corte, particularmente se for feito com algo sujo (potencialmente infetado)”, frisa o líder do grupo de especialistas em aranhas e escorpiões da UICN. Sérgio Henriques deixa ainda um alerta: o perigo não são as aranhas, o que causa mais danos é a aracnofobia, ou seja, o medo ou a aversão a aranhas. O especialista dá como exemplos acidentes de viação, quedas em escadas, ou o risco de incêndios em casa quando as pessoas tentam matar as aranhas. E considera que existe ainda “um desconhecimento abismal” sobre as espécies de aranhas que vivem em Portugal. “Lisboa continua a ser das poucas capitais da Europa onde ainda se encontram espécies que nunca foram descritas para a ciência”, nota Sérgio Henriques. Conclusão Não existe em Portugal qualquer registo da existência de “aranhas marrom”, denominação dada no Brasil à espécie do género Loxosceles. A publicação induz os leitores a pensar que se trata de um problema em Portugal, mas segundo o especialista ouvido pelo Observador “não se conhece nenhuma aranha portuguesa que possa causar os sintomas de necrose que se veem nas fotos”. Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é: ERRADO De acordo com o sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é: FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. Nota 1: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook.
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