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| - Logo depois de a Câmara barrar a denúncia contra Michel Temer nesta quarta-feira (2), o presidente defendeu seu mandato e sobretudo as ações de seu governo na economia em pronunciamento feito no Palácio do Planalto. Questões relativas às contas do governo, ao desemprego e à exportação foram apresentadas de modo equivocado.
Veja, abaixo, o que Aos Fatos checou.
Nós faremos muito mais ao colocar, como estamos fazendo, as nossas contas em ordem de forma definitiva e equilibrada.
A declaração de Temer vai contra a fala do ministro Henrique Meirelles, que admitiu na última segunda-feira (31) estar analisando se irá, de fato, rever a meta fiscal do governo. A meta fiscal atual, por sua vez, é de um deficit de até R$ 139 bilhões, mas elementos como a arrecadação abaixo das expectativas do governo e a previsão incerta de receitas extraordinárias ameaçam o seu cumprimento.
A sinalização de Meirelles ocorre quase uma semana depois de o governo anunciar aumento nos impostos sobre combustíveis, também sob a justificativa de colocar "as contas em ordem", conforme diz o presidente. Ou seja, para resolver o rombo de forma "definitiva e equilibrada", o Palácio do Planalto dependerá também do Congresso, que analisa ao menos duas medidas provisórias que gerariam as chamadas receitas extraordinárias.
Mesmo assim, o governo terá de trabalhar para ampliar os resultados previstos com a aprovação dessas medidas, que foram alteradas durante a tramitação no Legislativo. O impacto original das receitas seria de cerca de R$ 15 bilhões, porém há previsão de que a aprovação dessas MPs gere apenas R$ 500 milhões ao Tesouro.
Especialistas alertam que os prejuízos do não cumprimento da meta fiscal são piores do que sua revisão. "Esse resultado é, sim, preocupante, pois geralmente o resultado do primeiro semestre sempre se mostra melhor que o do segundo semestre, isso porque no segundo semestre existem obrigações extras como décimo terceiro salários de servidores e beneficiários do sistema previdenciário", disse a pesquisadora do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), Vilma da Conceição Pinto ao Nexo.
Dediquei-me a criar novos empregos. E já conseguimos resultados expressivos neste ano. O emprego está voltando.
A afirmação de Temer de que o desemprego tem caído no Brasil provavelmente tem como base o fato de que, no trimestre encerrado em junho de 2017, o desemprego recuou 4,9%, para 13,5 milhões de pessoas, em relação ao período de janeiro a março deste ano.
No entanto, em comparação a igual trimestre do ano anterior (abril, maio, junho), quando havia 11,6 milhões de pessoas desocupadas no país, o desemprego, na verdade, cresceu 16,4%. A comparação anual é, muitas vezes, considerada mais adequada por refletir fatores sazonais. Exemplo disso é que, no começo do ano, muitos temporários que trabalharam nas vendas de fim de ano voltam ao desemprego.
Como, grosso modo, o emprego "está voltando" em relação ao começo do ano, mas não em relação ao seu início de período como presidente, Aos Fatos considerou a afirmação IMPRECISA por desconsiderar uma base comparativa clara e usar apenas os fatores positivos de um cenário mais amplo e complexo.
Batemos recordes históricos nas exportações.
Considerando a série histórica desde 1998, o Brasil ainda não bateu recorde em 2017 em faturamento nem em taxa de crescimento. O maior faturamento de exportação entre janeiro e julho foi em 2011, de US$ 140,6 bilhões de dólares.
Já a maior taxa de crescimento nos sete primeiros meses do ano ocorreu em 2004, quando as exportações cresceram 33,8% na comparação anual. De janeiro a julho de 2017, as exportações brasileiras somaram US$ 126,5 bilhões, uma alta de 18,7% em relação ao mesmo período do ano passado. As informações são da balança comercial divulgada pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
Caso Temer tivesse se referido ao saldo da balança comercial no período, teria acertado: de acordo com dados não ajustados do MDIC, esse é o maior saldo (exportações - importações) pelo menos desde 1998, totalizando US$42,5 bilhões.
Batemos recordes históricos de produção na agropecuária.
A produção agrícola brasileira de 2017 deve atingir um recorde histórico e somar 240,3 milhões de toneladas, uma alta de 30,1% em relação a 2016, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esse valor, no entanto, é apenas uma estimativa divulgada em junho e atualizada mensalmente.
Em relação a faturamento, o VBP (Valor Bruto da Produção), que corresponde ao faturamento agrícola obtido nos 26 principais produtos agropecuários (lavouras e criação de animais) do país, é o maior da série desde pelo menos 1995, segundo dados do Ministério da Agricultura ajustados pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna).
Nos últimos quatro trimestres até junho de 2017, o VPB atingiu R$ 536 bilhões, o maior patamar da série.
https://www.sharethefacts.co/share/a61fc03a-4e11-49f4-bcea-56374c5e38fd
https://www.sharethefacts.co/share/0c65d4b2-a79a-4b92-97df-22ed37a9530e
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