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| - A imagem era irresistível. Estilo descontraído, olhar misterioso, cabelo meticulosamente desajeitado e uma beleza indisfarçável iriam funcionar muito bem na capa do segundo disco de originais dos nova-iorquinos Vampire Weekend. A banda vivia em estado de graça, fruto das excelentes críticas que o primeiro disco – “Vampire Weekend”, de 2008 – recebeu, destacando o seu som original, capaz de misturar no mesmo caldeirão um conjunto de influências de música do mundo com o rock independente, resultando numa sonoridade diferente, divertida e reconhecida como uma das mais originais do universo indie em muitos anos.
A excentricidade que marcou o primeiro disco continuou a contagiar o som dos Vampire Weekend no segundo longa duração, “Contra”. Tudo corria bem – a crítica continuava a fazer-lhes vénias – não fosse a foto escolhida para a capa.
“Desde os 23 anos que a imagem de Ann Kristen Kennis é usada para vender produtos”, escreveu a Vanity Fair, em 2010, num texto com o título “A musa rebelde dos Vampire Weekend”. No mesmo artigo, podia ler-se que “durante os anos 80 e início dos anos 90 do século passado apareceu em anúncios de revista, catálogos e spots televisivos dando a cara por uma longa lista de marcas reconhecidas”, como a L’Oréal, Revlon ou Fabergé, entre outras.
Kennis estava habituada à exposição pública e a emprestar a sua imagem a marcas e produtos. Mas ficou espantada quando viu a sua face na capa de disco dos Vampire Weekend, uma banda que disse não conhecer, assim como o autor da polaroid, o fotógrafo Tod Brody.
Tinha, então, 52 anos (hoje tem 62) e a sua filha apenas 13. A Vanity Fair descreve com detalhe o momento em que Kennis percebeu que a sua cara estava na capa de “Contra”: “entrou na casa de família, com três pisos, em Fairfield, Connecticut, e encontrou a Alex [a filha então com 13 anos] na mesa da cozinha, com os olhos fixados no ecrã do seu MacBook Pro. ‘Mãe, vem cá! Vem cá!’, disse. Kennis debruçou-se sobre o ombro da filha e apercebeu-se de um anúncio da Barnes & Noble com uma polaroid de uma impressionante jovem loira, envergando um polo com o colarinho desapertado. ‘E foi, tipo, isto é estranho. Sou eu, há muitos anos’”.
Aquela fotografia instantânea tinha quase 30 anos “e Kennis não se lembrava de ter posado para ela. Contudo, um fotógrafo chamado Tod Brody garante que a ex-modelo assinou um documento de autorização, em 2009”, escreveu o The Guardian, em agosto de 2011, num texto onde revelava o resultado da disputa legal que entretanto Kennis decidiu iniciar contra a banda, a sua editora, a XL Records, e o fotógrafo. Tudo porque, de acordo com o Huffignton Post, “alegadamente a banda usou uma imagem – captada em 1983 – sem a permissão de Kennis e esta alega que alguém – que não ela – terá assinado a autorização de uso da foto que o fotógrafo Tod Brady licenciou para utilização na capa do disco por 5 mil dólares.”
Kennis reclamava 2 milhões de dólares de indemnização, revela o The Guardian, e, depois dos Vampire Weekende e a editora reconhecerem que não confirmaram devidamente os direitos de autor da fotografia, chegaram a acordo, pagando a Ann Kristen Kennis uma indemnização cujo montante não foi revelado.
Avaliação do Polígrafo:
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