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| - A imagem está a correr as redes sociais desde o dia de ontem, 26 de setembro. Trata-se do resultado, no ano letivo 2022/2023, de uma candidatura ao Mestrado Integrado em Medicina na Universidade Católica Portuguesa (UCP), a primeira instituição de Ensino Superior privada autorizada a formar futuros médicos.
No Reddit, onde o conteúdo foi publicado originalmente, alega-se que o candidato com média de entrada de 158,1 valores foi admitido por se integrar na categoria de “descendente em linha recta de beneméritos insignes da Universidade“.
Ora, no site da UCP e no regulamento da universidade na categoria “contingentes especiais” informa-se que a instituição “reserva vagas supranumerárias nos seus cursos de 1.º ciclo”, até ao máximo de “3% do número de vagas de cada curso“. Os lugares destinam-se aos candidatos que reúnam as condições de admissão e sejam “descendentes em linha reta de colaboradores permanentes da UCP“, que se candidatem durante a vida do próprio. Especifica-se que os colaboradores permanentes abrangem funcionários do quadro e docentes em regime de dedicação plena ou regime de tempo integral.
Além disso, são incluídos os “descendentes em linha reta de beneméritos insignes da Universidade“, que se candidatem durante a vida do próprio. Definem-se como beneméritos insignes aqueles que “tenham sido reconhecidos como tal pelo Conselho Superior da Universidade”. Importa notar que na lista de descendentes em linha recta se incluem os filhos, netos, bisnetos e por aí em diante, com a ressalva de que o benefício em causa não vigora após a morte do benemérito.
Na página da universidade destacam-se ainda três categorias de candidatos à quota:
-Luso-descendentes até ao máximo de 2% por ciclo de estudos.
– Portadores de deficiência, ao abrigo do Decreto-Lei 291/2009, de 12 de outubro;
– Praticantes desportivos de alto rendimento, ao abrigo do Decreto-Lei nº 272/2009, de 1 de outubro.
Contactada pelo Polígrafo, fonte oficial da UCP informa que,”tal como todas as restantes universidades tem concursos para candidatos aos cursos de 1º ciclo oriundos de contingentes especiais”. E adiciona que os candidatos aos concursos especiais “são hierarquizados de acordo com a média”.
A mesma fonte garante que os candidatos aos contingentes especiais cumprem obrigatoriamente todos os critérios mínimos de elegibilidade para admissão. Assim, no caso do Mestrado Integrado em Medicina, para que a candidatura seja apreciada “deverá ter uma nota mínima de 140 pontos (de 0 a 200) em cada uma das provas de ingresso, cumprir todos os pré-requisitos, incluindo certificação de proficiência de inglês de nível C1, e ter uma média mínima global de candidatura de 150“.
Questionada sobre o número de alunos que concorreram através deste contingente, a instituição privada de ensino superior revela que se tratou de apenas um candidato. Além disso, assinalou a existência de “duas entidades a quem a UCP atribuiu o título de benemérito“. Nos Estatutos da UCP – artigo 76º – lê-se que “0 título de ‘benemérito da Universidade’ ou outros que venham a ser instituídos serão concedidos às pessoas ou entidades que hajam prestado à UCP significativo apoio ou serviço“.
O Polígrafo consultou o documento com todas as candidaturas para o ano letivo em causa e verificou que a nota do último colocado por concurso geral foi de 168,9 pontos. Dos 87 candidatos, 17 viram a sua admissão condicionada (pendente mediante existência de vaga), ainda que 16 destes tenham tido uma média superior à do candidato descendente em linha reta do benemérito.
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Avaliação do Polígrafo:
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