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| - A canção “I’m Free”foi escrita pela dupla Jagger/Richards mas estava perdida no lado B de “Get Off My Cloud”, um dos – inúmeros – temas maiores dos Rolling Stones. Editada em 1965, a canção “Get Off My Cloud” foi a resposta que o quinteto encontrou para dar seguimento ao êxito mundial de “Satisfaction”, escreve o site Songfacts, citando Keith Richards, dos Stones. E a resposta não poderia ter sido melhor: foi o segundo número um dos Stones nos EUA.
O lado B de “Get Off My Cloud” permaneceu como tal, meio perdido, durante 25 anos, até regressar à ribalta, depois da afirmação do rock ’n roll, do disco sound, dos sintetizadores dos anos 80.
Em 1990 os escoceses Soup Dragons – começaram como banda punk-rock mas acabaram por se afirmar na cena madchester com uma fusão dos estilos acid-house e rock – decidiram ressuscitar “I’m free”. Mas a forma como o fizeram não foi apenas uma cópia personalizada do original. Musicalmente o tema foi transfigurado e a letra também sofreu modificações. O tema levou uma injeção de ritmo reggae e até a componente vocal foi, de acordo com o site Songfacts, complementada com a participação de Junior Reid, o jamaicano que tinha substituído Michael Rose na liderança dos Black Uhuru, em 1985, depois de Rose ter decidido dedicar-se à produção de café no seu país natal, a Jamaica.
“I’m Free” é o maior êxito da carreira dos Soup Dragons, tendo atingido o número 5 na tabela de vendas do Reino Unido, mas nunca conseguiu vingar nos EUA.
E foi esta “cover”, ou algo parecido, que os transportou para o estrelato. Quando Sean Dickinson e os seus Soup Dragons descobriram a sonoridade acid house abriram-se novos horizontes, a vários níveis. “Os Soup Dragons e o seu ‘psicadelismo de baixo custo’ tornaram-nos num dos favoritos de John Peel. Mas, tal como tinha sucedido com os seus pares escoceses The Shamen e Primal Scream, foi o acid house que lhes abriu novos horizontes”, escreve o The Guardian num artigo que resulta de uma conversa com Sean Dickinson, agora conhecido por Hifi-Sean, sobre a sua carreira.
Sobre novos os horizontes, musicais e não só, que o acid house proporcionou aos Soup Dragons, existe outra passagem do texto do The Guardian que os deixa bem evidentes: “O seu primeiro hit indie-dance, “Mother Universe”, teve airplay nos clubs noturnos e valeu-lhes a contratação para atuar ao vivo em Glasgow – ‘fomos pagos com 20 comprimidos de ecstasy’ [citação de Dickinson no The Guardian]”.
Regressando a “I’m Free”, que se mantém como o tema maior da banda, os Soup Dragons atribuem a autoria, sem qualquer acrescento ou reserva, aos Rolling Stones. E esta modéstia – porque a canção foi bastante modificada e a letra alterada, ou seja, há uma efetiva mais-valia artística e literária – fica-lhes muito bem.
Avaliação do Polígrafo:
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