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  • O que estão compartilhando: vídeo em que homem comenta sobre a reclamação da diretora de uma escola em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, por ter recebido do governo federal exemplares do livro O Avesso da Pele, via Ministério da Educação. O autor da postagem comenta: “Eu queria que vocês acompanhassem o que o PT pretende com a educação dos nossos filhos e dos nossos netos”. São lidos alguns trechos da obra com descrição de atos sexuais. O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O livro O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório, foi aprovado para uso no Ensino Médio pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) ainda na gestão de Jair Bolsonaro (PL). A aprovação ocorreu por meio de portaria em 2022, após convocação em edital de 2019. Além disso, são as escolas que escolhem quais obras vão receber do PNLD. O Avesso da Pele foi publicado em 2020 pela Companhia das Letras e foi considerado o melhor romance pelo Prêmio Jabuti em 2021. A editora descreve o livro como um romance sobre identidade e as complexas relações raciais, sobre violência e negritude. Trechos do livro são lidos no vídeo sem contexto. Na obra, eles aparecem na terceira parte do capítulo “A pele” e detalham a intimidade do protagonista com sua primeira namorada. O autor do livro disse ao Estadão que a narrativa não se centra em temas de sexualidade de forma gratuita. “A inclusão de linguagem vulgar e cenas de natureza sexual é intencional, refletindo os efeitos do racismo nas vidas das personagens e como a sociedade as percebe. Entendo que há uma má fé das pessoas em pinçar justamente esses trechos, colocando-os de modo descontextualizado e insinuando que o livro é sobre sexo para crianças, o que não é verdade,” explicou. O responsável pela postagem verificada aqui não respondeu ao contato da reportagem. Saiba mais: Peças desinformativas a respeito do livro começaram a circular na internet após a diretora da Escola Estadual Ernesto Alves de Oliveira, Janaína Venzon, publicar um vídeo com reclamações no dia 1º de março deste ano. Ela afirma que a escola recebeu mais de 200 exemplares da obra O Avesso da Pele e reclama do “vocabulário” e de descrições de cenas de sexo em algumas páginas. Segundo apuração do portal GaúchaZH, a diretora disse ter recebido orientação do titular da 6ª Coordenadoria Regional de Educação, Luiz Ricardo Pinho de Moura, para recolher os livros da biblioteca da instituição até que a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) se posicionasse. Por sua vez, a Seduc negou que tenha havido qualquer orientação para recolher os livros. Em entrevista ao Estadão, Janaína negou que tenha censurado a obra; disse que apenas questionou alguns termos utilizados no livro. “Eu não tiro o mérito do livro. Eu li o livro. É uma história linda. Mas eu estou questionando a terminologia do que está nesse livro. Somente isso. As pessoas que defendem o uso do livro na escola são as mesmas pessoas que chegam a fazer ameaças a uma cidadã, uma professora de uma escola”, disse. Escolha pelo livro foi manifestada pela própria escola No vídeo postado pela diretora, é possível ler no canto superior direito da capa do livro: PNLD, Ensino Médio, FNDE. O PNLD é uma das iniciativas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) do governo federal. O objetivo é disponibilizar gratuitamente livros e outros materiais de apoio às escolas. Para participar do programa, é necessário que a própria escola manifeste interesse e siga uma série de procedimentos. Os livros aprovados para cada ciclo constam no Diário Oficial da União (DOU). As regras para integrar o PNLD foram destacadas pela própria Companhia das Letras, em resposta à repercussão do vídeo de Janaína Venzon. “Para chegar ao colégio em questão, (o livro O Avesso da Pele) ainda precisou passar por aprovação da própria diretora, que assinou o documento de ‘ata de escolha’ da obra e agora contesta o conteúdo do livro. Esses dados são transparentes e públicos”, afirmou a editora no Instagram. A Companhia das Letras também divulgou o documento “Comprovante Escolha PNLD Literário 2021″, mostrando que a escolha pelo livro para o Ensino Médio foi manifestada pela própria escola. Consta o nome da diretora Janaína Venzon e a data 17 de novembro de 2022. Em entrevista ao portal GauchaZH, Venzon afirma que não solicitou a obra diretamente. “Perguntei para as supervisoras se elas fizeram alguma solicitação, e elas disseram que não. E outra coisa, quando o MEC oferece o livro ali no catálogo, as escolas não têm acesso ao interior do livro. Só vemos a capa e um resumo”, disse a diretora ao site. O autor do vídeo verificado aqui é o deputado federal Marcelo Moraes (PL-RS). O Estadão Verifica tentou contato com o parlamentar, mas não houve retorno até a publicação. As alegações verificadas aqui também foram desmentidas pelo Aos Fatos.
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