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| - “Uma nação que esquece o seu passado não tem futuro”, a frase tem sido atribuída a Winston Churchill em publicações nas redes sociais ao longo dos anos e ressurgiu em 2020, após a morte de George Floyd nos EUA e das manifestações contra o racismo e a violência policial, em que várias estátuas de regimes federais norte-americanos, atribuídas a figuras históricas, foram vandalizadas ou até mandadas retirar.
Algumas partilhas incluem uma imagem do antigo primeiro-ministro britânico, outras publicações citam apenas a frase em inglês ou noutros idiomas.
Mas será que esta citação realmente proferida por Winston Churchill?
O jornal de fact-checking norte-americano “Snopes” encontrou artigos de 1983 e de 2021 do “Santa Fe New Mexican“, que atribuíam esta citação a Winston Churchill. A mesma citação está também em destaque no exterior de um edifício em Santa Fé, no Novo México, que pode ser visto através do Google Street View.
No entanto, o antigo primeiro-ministro britânico nunca proferiu essas palavras, mas o “Snopes” encontrou evidências de que Churchill terá dito frases semelhantes à citação viral.
Em 1985, o jornal norte-americano de Vermont, “Ruthland Daily Herald”, publicou um artigo sobre as memórias da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto. Nesse artigo, o autor escreveu: “George Santyana, filósofo historiador espanhol, afirmou que uma nação que esquece o seu passado está condenada a revivê-lo no futuro”. A frase fazia referência a uma citação de um livro chamado “A vida da razão ou as fases do progresso humano”, publicado em 1905, no qual George Santyana dizia que “aqueles que não se conseguem lembrar do passado estão condenados a repeti-lo”.
“George Santyana, filósofo historiador espanhol, afirmou que uma nação que esquece o seu passado está condenada a revivê-lo no futuro”.
Segundo a International Churchill Society, Winston Churchill parafraseou George Santyana num discurso de 1948 na Câmara dos Comuns ao dizer: “aqueles que falham ao aprender com a história estão condenados a repeti-la.”Já a College of Liberal Arts and Human Sciences em Virgínia, nos Estados Unidos, refere que a mesma citação é atribuída a Santyana e que Churchill terá escrito, em alternativa, “aqueles que falham ao aprender com a história estão predestinados a repeti-la”.
Na tentativa de descobrir a origem da citação, o “Snopes” contactou o America’s National Churchill Museum que disse: “parece não existir nenhum registo escrito de que Churchill tenha dito ‘uma nação que esquece o seu passado não tem futuro.'”
No entanto, Lena Leuci, assistente de coleções do museu, esclarece que “ele acreditava fortemente (e praticava) o estudo da história”. Lena Leuci encaminhou ainda a plataforma de verificação de factos para que esta estabelecesse contacto com Richard M. Langworth, membro sénior do Hillsdale College Churchill Project e historiador da vida de Winston Churchill. De acordo com Langworth, a citação poderá ter origem no discurso “Maior marco” (em inglês, “Finest hour”), de 18 de junho de 1940, em que Winston Churchill disse: “Se abrirmos uma disputa entre o passado e o presente, descobriremos que perdemos o futuro.”
De acordo com Langworth, a citação poderá ter origem no discurso “Maior marco” (em inglês, “Finest hour”), de 18 de junho de 1940, em que Winston Churchill disse: “Se abrirmos uma disputa entre o passado e o presente, descobriremos que perdemos o futuro.”
Em suma, não existe evidência de que Winston Churchill tenha dito ou escrito que “uma nação que esquece o seu passado não tem futuro”. É citação muito partilhada que, ao longo dos anos, foi sofrendo diversas alterações, tanto da versão de George Santyana (“aqueles que não se conseguem lembrar do passado estão condenados a repeti-lo”), como da versão parafraseada de Winston Churchill (“aqueles que falham ao aprender com a história estão condenados a repeti-la”).
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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