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  • As imagens de Jair Bolsonaro a comer pizza numa rua de Nova Iorque, EUA, tornaram-se virais a 20 de setembro. E não foram necessários muitos dias para que em páginas de apoio ao presidente brasileiro começassem a surgir publicações alegando que Vladimir Putin teria feito o mesmo, copiando Bolsonaro. A informação é falsa e o vídeo que circula do presidente russo nem sequer é recente. Primeiro, é preciso recordar que o “jantar de luxo”, como lhe chamou o ministro de Estado e chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República brasileiro, Luiz Ramos, não foi propriamente uma escolha nem fez parte de nenhum ato de campanha eleitoral. Jair Bolsonaro foi impedido de entrar nos restaurantes nova-iorquinos por não estar vacinado contra a Covid-19. Na cidade, os estabelecimentos exigem o certificado de vacinação. Em segundo lugar, assim que carregamos no “play” do vídeo de Vladimir Putin há alguns alarmes de fake news que disparam de imediato. A acompanhar a sequência do presidente a comprar um gelado e a comê-lo rodeado de uma comitiva ouve-se “Rasputin”, um tema de Boney M. de 1979. Logo aqui, percebe-se que provavelmente não estamos perante um conteúdo noticioso, mas sim uma paródia. Além disso, os 53 segundos de imagens foram colocados a circular através do TikTok, uma plataforma que, mais uma vez, não está associada a notícias ou ao acompanhamento da vida política. Contrariamente a Bolsonaro, Vladimir Putin está vacinado e incentivou os russos a fazerem o mesmo, embora não defenda a vacinação obrigatória. Isso significa que, fosse em Nova Iorque, fosse noutra cidade qualquer, o político não seria impedido de entrar num restaurante. Além disso, o vídeo do líder russo tem quatro anos, ou seja, é muito anterior ao jantar de Bolsonaro — e até ao início do seu mandato como presidente do Brasil, que se iniciou em janeiro de 2019. A sequência original foi captada quando Putin abandonou uma feira tecnológica a decorrer nos arredores de Moscovo e se dirigiu ao recinto do MAKS 2017 Air Show para comprar gelados para os seus oficiais e para ele próprio. https://www.youtube.com/watch?v=k_UvlHASTuY Numa versão do vídeo sem música, é possível ouvir o diálogo e confirmar através das legendas em inglês que tudo se passa na Rússia. Embora a publicação viral do Facebook não garanta que é Nova Iorque, também não especifica nenhuma outra localização. É bastante vaga, como são geralmente as informações falsas. No vídeo, a vendedora de gelados diz a Putin que não precisa de pagar mas ele insiste. “É melhor verificar uma segunda vez se lhe demos dinheiro suficiente”, diz, mencionando depois várias vezes a referência a rublos, a moeda russa. Turkish President Recep Tayyip Erdogan and his Russian counterpart Vladimir Putin take an ice cream break after talks just outside Moscow today. The two are discussing the situation in northern Syria, while Putin showed the Turkish leader Russia's latest military technology. pic.twitter.com/tm9D99TbuW — Rudaw English (@RudawEnglish) August 27, 2019 O gelado terá agradado ao presidente, já que em 2019 voltou lá e levou consigo Recep Tayyip Erdogan, o homónimo da Turquia, e uma comitiva de jornalistas para registarem tudo. Conclusão Jair Bolsonaro não “lançou moda”, como afirma a publicação do Facebook, e não foi copiado por Vladimir Putin. Jantou uma fatia de pizza na rua por não ter escolha. Não está vacinado contra a Covid-19 e por isso não pode frequentar restaurantes em Nova Iorque, onde se encontrava para participar na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). Ao contrário do que também se afirma, o vídeo de Putin não é recente, é de 2017. Foi captado nos arredores de Moscovo, quando o político comprou gelados para a sua comitiva. Além disso, Putin tem a vacinação completa, logo, não seria obrigado a comer no exterior. Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é: ERRADO No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é: FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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