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| - “Na última década, quanto gastámos com o RSI [Rendimento [Social de Inserção]: 300 milhões de euros. O que pagámos aos bancos: 25 mil milhões de euros, 11% da riqueza do país”, destaca-se numa ilustração partilhada no Facebook, sublinhando a diferença de escala das referidas despesas do Estado, ao longo de 10 anos.
Os números indicados estão corretos?
Começando pelo RSI, as contas não batem certo. De acordo com os dados compilados na Pordata, desde a sua criação em 1996 (ainda sob a denominação inicial de Rendimento Mínimo Garantido) até 2018 (últimos dados disponíveis), a Segurança Social despendeu um total de cerca de 6,9 mil milhões de euros com essa prestação social.
Na Conta da Segurança Social de 2019 encontramos a despesa total desse ano: cerca de 348 milhões de euros. Ora, contabilizando a última década com dados conhecidos, entre 2009 e 2019, perfaz um total de cerca de 4,1 mil milhões de euros. A grande distância dos 300 milhões de euros referidos na publicação.
Aliás, desde 2016 que a despesa anual com RSI é superior a 300 milhões de euros por cada ano, não na soma de 10 anos. Em 2009 e 2010 chegou mesmo a superar a fasquia de 500 milhões de euros.
Quanto aos bancos, de acordo com um relatório extraordinário do Banco de Portugal, produzido em 2019, contendo “informação relevante relativa às instituições de crédito que tenham sido objeto ou resultado de medida de resolução, nacionalização, liquidação ou de operações de apoio à capitalização com recurso direto ou indireto a fundos públicos nos 12 anos anteriores à publicação”, os fundos públicos disponibilizados às instituições de crédito abrangidas (entre 2007 e 2018) atingiram um valor total de 23,8 mil milhões de euros. Em 12 anos, não na última década.
Mais recentemente, porém, o “Jornal Económico” fez as contas aos anos de 2019 e 2020 e contabilizou um novo total de 25,5 mil milhões de euros. Desde 2007 até 2020, portanto, em 14 anos. Importa também ressalvar que uma parte desses fundos públicos, no que concerne especificamente ao BPI e ao Millennium BCP, já foi devolvida ao Estado, com juros.
Em conclusão, o número indicado no post relativamente ao que o Estado gastou em ajudas públicas aos bancos, na última década, até poderia ser aceite como válido, embora não totalmente rigoroso. Contudo, o enorme desvio no valor da despesa com RSI obriga a aplicar o carimbo de “Falso“.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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