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  • Não é verdade que relatórios do governo do Reino Unido mostram que pessoas totalmente vacinadas contra a Covid-19 desenvolveram Aids, como afirmam publicações nas redes sociais (veja aqui). Os documentos citados nos textos não associam em nenhum momento a doença à vacinação nem medem o nível de imunidade proporcionado pelas vacinas. O conteúdo enganoso acumulava centenas de compartilhamentos no Facebook nesta quinta-feira (21), e também circulava no WhatsApp (Fale com Fátima). Dados disponibilizados pelo governo britânico mostram que os vacinados em dose dupla estão desenvolvendo a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). As análises realizadas nessas pessoas vacinadas com dose dupla relatam que seu sistema imunológico enfraquece de 3,3% a 6,4% por semana Não é verdade que relatórios do governo britânico atestam que pessoas vacinadas contra a Covid-19 perdem imunidade e desenvolvem Aids (sigla em inglês para síndrome da imunodeficiência adquirida), como vem sendo disseminado nas redes sociais. Os textos publicados por sites como Stylo Urbano e Coletividade Evolutiva distorcem informações sobre mortalidade para chegar a essa conclusão enganosa, que não consta nos documentos citados. Os relatórios semanais do Departamento de Saúde Pública do Reino Unido (confira aqui, aqui, aqui, aqui e aqui) avaliam a eficácia das vacinas aplicadas no país e que não fazem qualquer menção à Aids como consequência da imunização contra o Sars-CoV-2. A peça desinformativa insere uma coluna que não existe nos documentos originais, chamada de “reforço ou degradação do sistema imunológico”, nas tabelas sobre os casos de Covid-19 entre vacinados e não vacinados com as duas doses da Pfizer (veja abaixo o comparativo). Os percentuais da coluna fraudulenta foram calculados a partir da diferença entre as taxas de incidência de casos de Covid-19 a cada 100 mil vacinados com duas doses e não vacinados, fórmula que não serve para medir imunidade. Segundo a doutora em imunologia pela USP (Universidade de São Paulo) Letícia Sarturi, a resposta imunológica ao longo do tempo é avaliada pela geração de células de memória (como linfócitos T e B) e o nível de anticorpos produzido por elas, informações que não constam no relatório do departamento de saúde britânico. Além disso, os números de casos entre vacinados não podem ser atribuídos à perda da imunidade, pois existem outros fatores — como, por exemplo, a crescente quantidade de pessoas totalmente imunizadas. Essa hipótese, inclusive, consta em um dos documentos do departamento de saúde britânico citados nos textos. “No contexto de uma cobertura vacinal muito elevada na população, mesmo com uma vacina de alta eficácia, espera-se que ocorra uma grande proporção de casos, hospitalizações e óbitos em indivíduos vacinados, simplesmente porque uma proporção maior da população está vacinada do que não vacinada, e nenhuma vacina é 100% eficaz”, informou o órgão. É importante ressaltar que uma pessoa não contrai Aids pelo enfraquecimento do seu sistema imunológico, mas devido à infecção pelo vírus HIV, que se dá pelo contato direto com o sangue, sêmen ou fluidos vaginais de um indivíduo infectado. A infecção pelo HIV leva o indivíduo a perder progressivamente a imunidade celular, tornando-o suscetível a outras doenças. Outro lado. Procurado por Aos Fatos, o site Coletividade Evolutiva reiterou a alegação verificada como enganosa e afirmou que "os dados são baseados nos relatórios e óbvio que os relatórios não citam a porcentagem, pois esse cálculo foi definido pela checagem dos relatórios pela mídia investigativa The Exposé". Porém, como explicado acima, os dados do documento e o cálculo empregado pelas páginas não servem para medir níveis de imunidade em vacinados. O site Stylo Urbano também foi contatado, mas não respondeu até a publicação desta checagem. Aos Fatos integra o Third-Party Fact-Checking Partners, o programa de verificação de fatos do Facebook. Veja aqui como funciona a parceria. De acordo com nossos esforços para alcançar mais pessoas com informação verificada, Aos Fatos libera esta reportagem para livre republicação com atribuição de crédito e link para este site.
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