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| - António Costa confessou este sábado que tinha preparada uma remodelação para depois da aprovação do Orçamento do Estado para 2022. “Um novo modelo [de Governo] mais adequado aos tempos desafiantes que temos pela frente e com competências mais transversais, sendo mais compacto. Era o que tinha pensado fazer imediatamente a seguir ao Orçamento. Obviamente, neste momento, não faz sentido fazer isso a dois meses de eleições”, declarou o primeiro-ministro.
Mas será que estas afirmações estão em linha com o que António Costa disse sobre uma remodelação durante os meses que antecederam a discussão do Orçamento do Estado?
As polémicas que envolviam vários ministros – o da Administração Interna à cabeça, mas também os do Ambiente, Justiça e ainda Trabalho, Solidariedade e Segurança Social –, a exaustão evidente da responsável pela pasta da Saúde e o anúncio do titular da área dos Negócios Estrangeiros de que queria voltar à vida académica, fizeram da provável remodelação governamental um dos principais temas políticos do Verão.
O final da presidência portuguesa da União Europeia (30 de junho), as eleições autárquicas (26 de setembro) e o Orçamento do Estado (outubro) eram os acontecimentos apontados como um possível marco para o primeiro-ministro renovar a sua equipa de Governo.
Neste ambiente político, António Costa foi naturalmente questionado em várias ocasiões sobre o tema: em entrevistas ou à saída de eventos públicos ou partidários (por jornalistas) e pela oposição (na Assembleia da República). Sempre que confrontado com a possibilidade de mudar alguns ministros, António Costa foi taxativo em não só desmentir esse facto no imediato como em dissipar essa eventualidade num futuro que nunca precisou.
Assim aconteceu a 4 de julho, dia da publicação da entrevista que concedeu ao “Público”: “Não está prevista nenhuma remodelação no horizonte.”
No mês seguinte, a 13 de agosto, nova entrevista, desta vez ao semanário “Expresso”. A mesma pergunta sobre a remodelação não mereceu uma resposta diferente: “não está prevista nenhuma substituição.”
“Não está prevista nenhuma remodelação no horizonte.”
O primeiro-ministro explicou a razão de não querer mexer no Executivo: “Neste momento creio que continua a ser totalmente justificável a atual estrutura, porque o esforço que vai implicar a execução do Plano de Recuperação e Resiliência mais o Portugal 20-30, mais a execução do programa do Governo, não aconselham a qualquer mudança na estrutura. Pelo contrário, aconselha aquilo que me parece óbvio: agora que todos os instrumentos estão aprovados, que os ministros se concentrem a 200 por cento na execução das suas tarefas.”
Nessa mesma altura, António Costa acabou por afastar, indiretamente, uma remodelação até final do ano, isto porque reconheceu que somente uma governante – a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias – sairia mas “lá mais para o final do ano”.
A 28 de setembro, dois dias depois das eleições autárquicas, após a sessão em que foi comunicada a conclusão da missão da equipa coordenadora do processo de vacinação contra a Covid-19 (e do vice-almirante Gouveia e Melo), o primeiro-ministro foi peremptório: “Julgava que a questão da remodelação do Governo tinha ficado esclarecida e ultrapassada em julho. Não está nenhuma remodelação prevista. A única remodelação que as eleições autárquicas determinaram é a remodelação dos autarcas.”
“Julgava que a questão da remodelação do Governo tinha ficado esclarecida e ultrapassada em julho. Não está nenhuma remodelação prevista. A única remodelação que as eleições autárquicas determinaram é a remodelação dos autarcas.”
Recentemente, em declarações ao jornal “Público“, Francisca Van Dunem revelava que já tinha combinado a saída com António Costa e confirmou que estava prevista uma remodelação, cenário que o primeiro-ministro sempre negou publicamente. “Eu já estava neste Governo [apenas] até final da Presidência portuguesa da União Europeia, era a combinação que tínhamos. Porque era suposto que houvesse uma remodelação a seguir” a isso, afirmou a ministra.
“Eu já estava neste Governo [apenas] até final da Presidência portuguesa da União Europeia, era a combinação que tínhamos. Porque era suposto que houvesse uma remodelação a seguir” a isso, afirmou a ministra.
Assim, apesar de ter dito agora que tinha pensada e preparada uma remodelação para depois do Orçamento do Estado (em caso de aprovação), em julho, agosto e setembro António Costa negou categoricamente essa hipótese.
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Avaliação do Polígrafo:
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