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| - Não é verdade que o desembargador Benjamim Acácio, do TJ-PR (Tribunal de Justiça do Paraná), concedeu um habeas corpus a Jorge Guaranho, acusado de matar o ex-tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu (PR) Marcelo Arruda, alegando que a vítima seria “uma pessoa de má qualidade”. As peças de desinformação tiram de contexto uma afirmação feita pelo magistrado durante o julgamento de outro caso.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam centenas de compartilhamentos no Facebook, Threads e X (ex-Twitter) até a tarde desta quarta-feira (18).
Inacreditável: Desembargador Benjamin Acácio, do TJPR, concede HC pois, para ele, o petista Marcelo Arruda, morto por bolsonarista, era ‘pessoa de má qualidade... pessoa nefasta na sociedade..,’ Da forma errada, injusta, indevida, mas que a consciência coletiva aceita de uma forma mais abrandada”. Esse é o nível dos magistrados do Paraná que Sergio Moro louva como ‘imparciais’ (sic).
Publicações nas redes têm tirado um vídeo de contexto para alegar que o desembargador Benjamim Acácio teria saído em defesa do ex-policial penal Jorge Guaranho, acusado de matar o ex-tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu Marcelo Arruda em 2022.
O crime ocorreu em julho daquele ano, quando Guaranho abriu fogo na festa de aniversário de Arruda, que tinha como tema o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com testemunhas, Guaranho invadiu a celebração aos gritos de “aqui é Bolsonaro” e, momentos depois, retornou para atirar contra o aniversariante.
Segundo as peças enganosas, o desembargador teria concedido um habeas corpus a Guaranho sob o argumento de que Arruda seria uma “pessoa de má qualidade” e “nefasta na sociedade”. Essa justificativa, no entanto, foi dada pelo desembargador durante o julgamento de outro caso, ocorrido em Curitiba.
O discurso ocorreu durante um voto favorável ao habeas corpus do investigador aposentado Ninrod Jois Santi Duarte Valente, que matou a tiros o ex-policial civil José Augusto Paredes após uma discussão motivada por um jogo de baralho, em abril de 2022.
O desembargador alegou durante a sessão que a vítima era de “má qualidade” e que seu histórico “não ajudava”. Acácio também afirmou que “por certo, muitos podem estar pensando no sentido de que realmente houve uma limpeza social. Da forma errada, da forma injusta, da forma indevida, mas que a consciência coletiva aceita de uma forma mais abrandada”. A declaração gerou revolta entre familiares da vítima.
É fato, porém, que Acácio defendeu a liberdade de Guaranho durante uma audiência que tratava de um pedido de habeas corpus. Para ele, Arruda era um “ser humano violento” e o certo seria o ex-policial penal sair do carro e “já soltar tudo de tudo quanto é jeito nele”.
O desembargador afirmou ainda que Guaranho atuou em legítima defesa e que não deveria haver uma denúncia sobre o caso. Sua opinião não prevaleceu e, em setembro deste ano, Guaranho teve anunciada a reclusão domiciliar com monitoramento por tornozeleira eletrônica. O júri que irá julgar o caso foi remarcado para fevereiro de 2025.
O caminho da apuração
Aos Fatos pesquisou um trecho do discurso do desembargador em buscadores e verificou que o vídeo original estava relacionado ao julgamento de outro caso.
Também procuramos na imprensa por atualizações sobre o julgamento do assassinato de Marcelo Arruda para adicionar contexto à checagem.
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