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| - “Mundo do ténis se abalou depois de quinze jogadores ‘totalmente vacinados’ terem sido incapazes de terminar o Miami Open. Ninguém está apontando para o óbvio. Todos os jogadores devem estar ‘totalmente vacinados’ para competir”, alega-se numa publicação no Facebook, datada de 3 de abril.
No mesmo post defende-se ainda que existem casos recorrentes de “condições médicas ‘inexplicáveis” a afetar “atletas jovens e saudáveis” em vários desportos de competição.
Existe fundamento para afirmar que os 15 tenistas que, alegadamente, desistiram do torneio de ténis foram afetados por efeitos secundários da vacina contra a Covid-19?
O Miami Open decorreu de 21 de março a 3 de abril de 2022. Tal como verificou a plataforma de fact-checking da “Australian Associated Press” é verdade que um total de 15 jogadoras estão listadas nos resultados oficiais da categoria “individuais femininos” como “desistentes”.
No entanto, tal como se conclui no mesmo artigo de verificação, não há conexão entre a retirada dos jogadores e os efeitos adversos da vacina. Os resultados oficiais (individuais femininos e simples masculinos), fornecidos pelo evento ATP e WTA, citam várias lesões desportivas ou outras doenças como o motivo da maioria das desistências.
A maioria das lesões foram noticiadas ou divulgadas pelas próprios atletas nas redes sociais. Por exemplo, uma lesão na perna esquerda levou a tenista romena Simona Halep a desistir da prova. Facto que foi noticiado e confirmado pela atleta na sua conta oficial no Twitter. A tenista profissional hispano-venezuelana Garbiñe Muguruza utilizou a mesma rede social para dar conta da sua lesão no ombro esquerdo, que a obrigou a retirar-se da prova no dia 24 de março.
Já Maryna Zanevksa, tenista belga, expôs no Instagram os entraves que uma “lesão antiga” colocaram à sua participação no torneio mundial e anunciou a sua desistência da mesma. As justificações das atletas desistentes relacionadas com lesões físicas sucederam-se nas redes sociais (pode consultá-las aqui, aqui e aqui).
A imagem principal do post mostra a ex-número um do mundo no ténis feminino Victoria Azarenka, que parece estar a apertar o peito. A tenista foi uma das atletas que desistiu do Miami Open, no entanto, neste caso, a sua retirada nem sequer esteve relacionada com lesões físicas. Azarenka justificou a sua desistência com “problemas pessoais”, acrescentando, mais tarde, que sua vida pessoal tem sido “extremamente stressante”.
Segundo especialistas em ténis, as lesões de esforço em torneios profissionais são muito comuns. Os jogadores de ténis “são suscetíveis a uma série de lesões, incluindo condições crónicas de uso excessivo e lesões traumáticas agudas”, informa-se uma revisão científica de lesões em jogadores profissionais de ténis, publicada em 2018.
Em suma, é verdade que 15 mulheres desistiram da edição de 2022 do torneio mundial de ténis Miami Open. No entanto, não existem quaisquer provas que relacionem estas retiradas com a Covid-19 ou as vacinas desenvolvidas para combater a doença. Todos os registos oficiais do torneio citam lesões e doenças, bem como as próprios atletas utilizaram as redes sociais para expor as suas lesões ou motivos pessoais que culminaram na desistência da competição. Assim, o Polígrafo classifica a publicação analisada enquanto falsa.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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