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  • “Carlos Moedas montou uma ‘fábrica de unicórnios‘ que já existiam num espaço que o anterior Executivo criou (Hub Criativo do Beato)”, destaca-se num tweet de 2 de novembro, culminando com uma pergunta: “Moedas é um fazedor ou um vendedor de banha da cobra?” Ao discursar (em língua inglesa) na abertura da Web Summit, na noite anterior, o atual presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML) tinha proclamado (num momento registado em vídeo que também é exibido no tweet em causa): “Hoje estou aqui para anunciar a ‘fábrica de unicórnios’ de Lisboa.” O objetivo do autarca consiste em atrair empresas e investidores para a cidade e o apelo aos jovens empreendedores foi claro: “Venham para Lisboa. São vocês que vão mudar o mundo, quero que transformem a cidade num lugar onde o impossível encontra o possível.” Mas será que, afinal, a “fábrica de unicórnios” já existia? Importa desde logo recordar que há um ano, também na Web Summit, o mesmo Moedas já tinha anunciado o lançamento da “fábrica de unicórnios”, isto é, uma espécie de incubadora de empresas startup (sobretudo do setor tecnológico) que chegam a uma avaliação superior a mil milhões de dólares antes de abrirem o capital em bolsa de valores. Precisamente no Hub Criativo do Beato, onde uma iniciativa muito similar já tinha sido lançada pelo anterior Executivo municipal, sob a liderança de Fernando Medina que entretanto transitou para o cargo de ministro das Finanças (após a derrota frente a Moedas nas eleições autárquicas de 2021). “É uma aspiração antiga, um projeto que vai permitir um polo de desenvolvimento de toda a zona oriental da cidade e que, ao mesmo tempo, vai permitir um salto ainda maior numa cidade que já é âncora no empreendedorismo à escala internacional“, declarou Medina, em maio de 2016. Em junho de 2016, após a celebração de um acordo de cedência do espaço, a Startup Lisboa – uma “incubadora de startups” – foi convidada a “desenhar o conceito e o modelo e assegurar a coordenação do projeto”. E assim se criou o Hub Criativo do Beato, onde aliás já estão instaladas algumas empresas. No entanto, em novembro de 2021, cerca de um mês após tomar posse como novo presidente da CML, Moedas anunciou a intenção de instalar a “fábrica de unicórnios” no Hub Criativo do Beato. Segundo reportou a Agência Lusa na altura, o presidente da CML defendeu que “faz todo o sentido” ser instalada no Hub Criativo do Beato, porque é onde se está a desenvolver “um grande projeto de inovação em Lisboa“, tendo, aliás, a sua visita ao espaço servido para perceber onde “encaixar essa ideia“. Depois de ouvir queixas sobre os atrasos para a concretização do Hub Criativo do Beato, ideia que surgiu em 2016 e que passa pela reabilitação das antigas fábricas da Manutenção Militar no Beato para transformação do espaço num centro de inovação para empresas criativas e tecnológicas, o autarca disse que “são queixas normais em gestão de projeto”, em que pode como presidente da CML intervir para tentar resolver. “Ver como é que podemos agilizar as aprovações, como é que podemos agilizar a capacidade de tomar determinadas decisões, que muitas vezes estão, eu diria, paradas por uma questão de comunicação entre os próprios serviços”, explicou Moedas. O Polígrafo questionou a CML sobre o que diferencia esta iniciativa da que já tinha sido lançada pelo Executivo de Medina, tendo obtido a seguinte resposta: “O projeto do Hub Criativo do Beato é um projeto de requalificação da infraestrutura da antiga Manutenção Militar do Beato, que não foi cumprido durante mandatos anteriores. A ‘fábrica de unicórnios’ lançada pelo presidente Carlos Moedas é um projeto de incubação de empresas com alto potencial de escala (scaleups), em parceria com as maiores empresas nacionais e internacionais. Trata-se do primeiro programa de scaleups em Lisboa, sendo que até ao momento a Startup Lisboa tinha apenas programas para pequenas startups numa fase early-stage“. Também contactado pelo Polígrafo, o gabinete de vereação de Inês Drummond, do PS, considera que este novo projeto é apenas uma espécie de rebranding do que Medina já tinha criado e em pouco difere do que foi lançado em 2016. A única diferença apontada pela oposição é que “a autarquia estava em adiantada fase de discussão com o Ministério da Defesa para concretizar a aquisição da Ala Norte do mesmo espaço [Hub Criativo do Beato], com 50 mil metros quadrados, um processo que foi suspenso ou mesmo paralisado pelo actual executivo camarário”. Em conclusão, é verdade que o Hub Criativo do Beato já existia, apesar dos atrasos nas obras, e albergava mesmo algumas empresas. Mas importa ter em atenção as diferenças apontadas pelo gabinete de Moedas ao nível do “potencial de escala”. ____________________________ Avaliação do Polígrafo:
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