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  • Com os arraiais à porta e com a reabertura da época da pesca da sardinha, no início do mês, as redes sociais são o palco para críticas aos preços de venda deste tipo de pescado. No Facebook, circula um post no qual se assegura que a sardinha está a ser vendida na lota a “80 cêntimos o quilo” e que nos supermercados “está à venda a cinco euros“, ou seja, cinco vezes mais cara. Além disso, questiona-se: “Será culpa da guerra?”, numa referência ao aumento dos preços de vários produtos alimentares devido à invasão da Ucrânia. Uma das publicações, de 8 de maio, foi partilhada mais de 500 vezes. O tom geral do post e dos comentários que o acompanham é de indignação relativa à diferença entre os dois preços que estão supostamente em vigor, mas não é feita qualquer referência aos locais de venda em que estes valores foram identificados ou às fontes utilizadas para chegar a tal conclusão. O Polígrafo consultou o preço de venda da “sardinha média fresca” em vários supermercados e hipermercados portugueses e é verdade que os preços atuais de venda ao público deste tipo de pescado rondam os cinco euros. Humberto Jorge, presidente da Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco (ANOPCERCO), começa por afirmar ao Polígrafo que não tem dúvidas em relação à existência de uma discrepância grande entre os dois preços de venda. No entanto, explica que é necessário analisar os vários preços que são praticados nas lotas. “Essa sardinha [vendida em fresco], com a entrada no verão, será uma percentagem maior e em alguns dias chegará até aos 100%. Mas agora só uma percentagem pequena vai ser vendida fresca e, por isso, acaba também por sair mais cara do que a outra sardinha que segue para a indústria”. “No caso da sardinha, que é uma espécie que vai muito para a indústria e que sofre muitos tratamentos de transformação industrial, como a que vai para as conservas ou para a indústria do frio, por exemplo, o preço médio de venda em lota será o mencionado, cerca de 80 a 90 cêntimos“, esclarece Humberto Jorge. Mas, segundo o representante da ANOPCERCO, a margem de preços passa a estar entre 1,20 euros e 1,50 euros, quando a sardinha é vendida “em fresco” – aquela que é vendida fresca em supermercados e outras superfícies comerciais – e que, neste momento (meados de maio), corresponde a cerca de “10% a 15% do total de sardinha vendida em lota”. “Essa sardinha [vendida em fresco], com a entrada no verão, será uma percentagem maior e em alguns dias chegará até aos 100%. Mas agora só uma percentagem pequena vai ser vendida fresca e, por isso, acaba também por sair mais cara do que a outra sardinha que segue para a indústria“, clarifica. “A venda em fresco obriga a requisitos específicos que encarecem todo o circuito de venda”, refere Humberto Jorge. Assim, conclui que “não é justo comparar o incomparável”. O presidente da associação de pesca garante estar do “lado da produção” ao reconhecer que existe um “claro desfasamento na formação do preço em superfícies, comparativamente ao que é comprado em lota”. No entanto, alerta para o facto de a sardinha que vai ser vendida fresca ser sempre “o primeiro peixe das embarcações, o que tem melhor apresentação e calibre, mas também o mais caro em termos de preço médio da lota”. Segundo Humberto Jorge, outro fator para o aumento do preço da sardinha fresca em superfícies comerciais são as necessidades de acondicionamento do pescado depois de comprado na lota. “A venda em fresco obriga a requisitos específicos que encarecem todo o circuito de venda”, refere. Assim, conclui que “não é justo comparar o incomparável” e refere que apesar de na situação apresentada a sardinha em venda ao público ser cinco vezes mais cara do que em lota, normalmente, esta diferença equivale a um preço “três vezes mais caro” no supermercado, em relação à lota. Em suma, a informação em análise baseia-se nos preços mais baixos de venda de sardinha praticados numa lota, que tem preços mais caros e mais baratos consoante o tipo e finalidade do pescado. ________________________ Avaliação do Polígrafo:
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