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  • Um vídeo que está a circular no Instagram mostra as chamas de um violento incêndio que consumiu todo o edifício de uma igreja de Spencer, no estado de Massachusetts, Estados Unidos, no início de junho. As imagens são reais — o incêndio foi tão violento que o campanário da igreja, a torre do sino, a determinado momento não resiste às altas temperaturas e colapsa para o interior do edifício. Já o ponto central da legenda que procura contextualizar o vídeo é falso. O autor da publicação refere que a igreja foi “queimada por um raio em Boston, EUA, durante uma cerimónia de casamento gay”. Numa primeira versão, alegava-se ainda que o incêndio tinha provocado vítimas, mas essa informação foi entretanto corrigida. Mantêm-se, ainda assim, dois erros na publicação. O primeiro, menos relevante, é um erro de localização: a Primeira Igreja Congregacional que foi consumida pelas chamas fica na cidade de Spencer, e não em Boston (sendo que ambas as localidades pertencem ao estado de Massachusetts, com uma distância de cerca de 100 quilómetros entre si). O segundo erro — e o mais significativo para esta verificação de factos — é de contexto: o autor do post faz referência a um “casamento gay” que estaria a decorrer no interior do edifício no momento em que o incêndio começou a consumir a estrutura do edifício. Numa longa explicação/enquadramento, o autor refere o seguinte: “Eu respeito o direito de livre escolha de cada ser humano, uma vez que Deus, nos criou e nos deu o poder de livre arbítrio, as consequências boas ou más, das escolhas que cada um faz na sua vida, quem sente é a própria pessoa que fez as escolhas, logo não me diz respeito, julgar as escolhas que cada um faz na sua vida.” Uma referência que surge depois de o incêndio, provocado por um raio, ser associado à alegação de que, naquele preciso momento, estaria a decorrer um “casamento gay” na igreja. Na caixa de comentários, vários seguidores do autor do post leram naquelas palavras uma tentativa de relacionar a alegada cerimónia — a união entre duas pessoas do mesmo sexo — com o raio que provocou o incêndio devastador, uma espécie de castigo divino. “Deus fez bem as coisas, é a ira de Deus”, assinala-se num dos comentários. Mas referência de contexto está simplesmente errada. As várias notícias de meios de comunicação social locais e nacionais sobre o incêndio faziam referência ao facto de não se terem registado quaisquer vítimas — feridos ou mortos — do incidente. E, ao Observador, fonte oficial dos Serviços de Incêndio e Emergência de Spencer — os mesmos que responderam à chamada de socorro do incêndio — detalha mais a informação, assegurando que “o edifício estava vazio” quando o raio atingiu a estrutura da igreja e deu origem ao incêndio, que obrigou a uma intervenção musculada de diferentes regimentos de bombeiros da região. As reportagens que se seguiram ao incêndio mostram como, à exceção de parte da fachada, o edifício ficou reduzido a escombros. O Observador também contactou os responsáveis da própria igreja para perceber quem estava no local no início do incêndio e que cerimónias — se é que algumas — estavam a decorrer naquele momento. Na resposta, Liz Goyette, assistente administrativa da Primeira Igreja Congregacional de Spencer, refere que “felizmente, não havia ninguém dentro ou à volta do edifício quando o raio o atingiu”. A mesma responsável também esclarece que “não havia quaisquer eventos a decorrer àquela hora” (eram cerca das 15h de 2 de junho, sexta-feira), mas refere que “a Thrift Shop”, uma loja de venda de roupa em segunda mão, num edifício adjacente à igreja, “estava aberta naquela manhã e a funcionar no interior”. No entanto, secunda Goyette, “não houve vítimas” resultantes do incêndio — “além dos corações destroçados” dos membros da comunidade, claro. Conclusão Não há qualquer veracidade na alegação de que estava a decorrer um “casamento gay” no momento em que um raio atingiu a Primeira Igreja Congregacional de Spencer, Massachusetts, Estados Unidos, e deu origem a um incêndio que destruiu por completo o edifício. Os serviços de emergência locais e a própria igreja confirmaram essa informação. Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é: ERRADO No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é: FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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