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| - “Em Portugal temos cerca de 70% a 80% dos edifícios com má qualidade de construção, falta de isolamento e vidros simples (cerca de 2/3 dos certificados energéticos emitidos violam a lei)”, começa por destacar-se num post no Facebook, datado de 5 de janeiro de 2023.
Remete-se ainda para um “estudo recente” que “identifica os custos totais para renovar os edifícios de forma passiva: substituição de janelas, paredes, isolamento de paredes e telhados, em perto de 70 mil milhões de euros“. Em contrapartida, indica-se que “o PRR aloca 300 milhões de euros” para este efeito.
As informações apresentadas são verdadeiras?
O gráfico divulgado na faz parte de um artigo da Rádio Renascença, publicado em janeiro de 2022, sobre a falta de eficiência energética dos edifícios em Portugal. A fonte para os dados estatísticos é um inquérito realizado em Portugal Continental sobre o conforto térmico em casa, da autoria do Portal da Construção Sustentável.
A restante informação do post é baseada nas explicações de João Pedro Gouveia, membro do Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade, que afirmou à rádio: “Temos um estudo recente em que identificámos os custos totais para renovar os edifícios de forma passiva: substituição de janelas, paredes, isolamento de paredes e telhados, em perto de 70 mil milhões de euros. O PRR aloca 300 milhões de euros.” O especialista reconheceu ainda que “mais de 70% dos edifícios não são eficientes em termos energéticos” e que “quase todos os edifícios portugueses deviam ser renovados”.
Contactado pelo Polígrafo, Gouveia indica que as suas declarações foram baseadas no artigo científico do qual é co-autor: “How much will it cost? An energy renovation analysis for the Portuguese dwelling stock“. No documento, destaca-se que a renovação do parque habitacional português, seguindo as normas regulamentares, “custa um mínimo de 71.700 milhões de euros“. Assinala-se também que a “renovação do telhado” como a “medida mais económica para melhorar o desempenho térmico” e que a renovação nas regiões do interior norte é a que tem a “maior relação custo-eficácia”.
É também verdade que, segundo se assinala no site oficial do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) existe um investimento planeado de 300 milhões de euros para a eficiência energética de edifícios residenciais. Além disso, destaca-se a alocação de 240 milhões de euros destinados à eficiência energética de edifícios da administração pública central e de 70 milhões para a eficiência energética em edifícios de serviços.
Em suma, o post analisado transmite informação correta. Apesar de as fontes não serem citadas, baseia-se nas declarações de um especialista em eficiência energética, que compara o valor necessário para renovar a totalidade do parque habitacional português com as verbas do PRR disponibilizadas para este fim.
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Avaliação do Polígrafo:
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