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| - Em entrevista publicada na edição de 10 Abril do maior e mais importante jornal mundial de economia, Mário Centeno, ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo, fez uma afirmação que motivou vários pedidos de fact-check por parte dos leitores do Polígrafo, que fizeram sentir, através da linha de WhatsApp do jornal (968213823) a sua perplexidade perante a alegada falta de coerência no discurso do titular da pasta das Finanças.
O que disse Centeno ao Financial Times? O que se segue: que quando este Governo chegou ao poder, em 2015, “tinha de haver mudanças, mas não uma grande mudança”, pelo que, concluiu, a redução da austeridade no país após o período da troika “não foi drástica”.
A declaração de Centeno àquela publicação incendiou as redes sociais, nomeadamente em fóruns em que o Governo não colhe especial simpatia.
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Mas terá efetivamente Centeno sido contraditório com o discurso interno do Executivo e com aquilo que ele mesmo, enquanto ministro, vem dizendo?
Não precisamos de recuar muito no tempo para concluirmos que sim.
No passado dia 26 de março, Mário Centeno apresentou os resultados do défice de 2018. Com visível orgulho, o ministro das Finanças reveou que o défice se situara em 0,45% do PIB, frisando que o produto interno português está hoje €30 mil milhões acima do que estava há três anos.
Falando sobre o resultado obtido no défice de 2017, o Primeiro-Ministro afirmou que “não foi conseguido à custa de mais austeridade; foi graças ao fim da austeridade”.
A declaração que sublinha a contradição do seu discurso chegou mais à frente na cerimónia: “Podemos hoje dizer que Portugal conseguiu virar a página da austeridade“, avançou, para concluir que “muito em breve cumpriremos os objetivos estabelecidos a médio prazo e que nos vão pôr a salvo de todas as oscilações na economia europeia”.
Recuando ainda mais no tempo, podemos também recuperar uma declaração de António Costa durante um debate quinzenal realizado na Assembleia da República no dia 18 de abril de 2018.
O tema era “políticas económicas e sociais”. Para salientar a estratégia económica do Executivo, Costa rejeitou a ideia de que a austeridade que marcara a anterior governação PSD/CDS ainda estaria em curso. Falando sobre o resultado obtido no défice de 2017, o Primeiro-Ministro afirmou que “não foi conseguido à custa de mais austeridade; foi graças ao fim da austeridade”. E acrescentou: “Se querem mesmo saber como se reduziu o défice a explicação é simples: emprego, emprego, emprego”.
Avaliação do Polígrafo:
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