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| - Uma das principais preocupações no combate à pandemia de Covid-19 é o aparecimento de novas variantes mais contagiosas. Até agora foram identificadas quatro estirpes que se propagaram e tornaram dominantes em determinadas regiões. A variante Delta, que foi detetada pela primeira vez em dezembro de 2020, na Índia, é apresentada como a mais transmissível até agora identificada. Mas será verdade que é duas vezes mais contagiosa?
O novo coronavírus chegou a Portugal em março de 2020 e, desde aí, duas variantes tornaram-se dominantes no país. A primeira foi a variante Alfa, oriunda do Reino Unido, que dominou até junho de 2021. Nesse mês, foi ultrapassada pela variante Delta que corresponde atualmente a 100% dos novos casos de Covid-19 em todas as regiões.
Os especialistas do “Meedan Digital Health Hub“, uma plataforma de investigação que combate a desinformação na área da saúde, explicam que esta nova variante tem vários fatores que justificam a rápida propagação: replica-se mais rapidamente do que o vírus SARS-CoV-2 original, é pelo menos duas vezes mais contagiosa e gera mais partículas virais no hospedeiro do que outras variantes conhecidas – o que pode aumentar a capacidade de transmissão.
“A variante Delta aparenta ser 60% mais contagiosa do que a variante Alfa (a cadeia dominante em muitos países)”, avançam os especialistas do “Meedan Digital Health Hub”. A capacidade de contágio de um vírus é contabilizada pela taxa de transmissibilidade, também conhecida como R0 – um cálculo que identifica o número de pessoas que um indivíduo contaminado infeta numa população sem quaisquer defesas. O R0 é um valor estimado, tendo em conta, principalmente, três fatores:
- o período de incubação da doença – que representa o tempo que um vírus se mantém contagioso no hospedeiro;
- o modo de transmissão – a forma como o vírus se propaga de pessoa para pessoa;
- a taxa de contacto – com quantas pessoas o indivíduo infetado contacta, a localização em que contacta, assim como a idade dos intervenientes e os métodos de prevenção de saúde utilizados.
Quanto melhor se conhece uma doença e mais dados forem disponibilizados, mais preciso será o cálculo do R0. À medida que o vírus se vai propagando e a população vai ganhando defesas – seja através do contágio ou da vacinação – o valor de transmissibilidade passa a ser dado pelo Rt (o valor de R num determinado tempo).
Estima-se que o R0 do SARS-CoV-2 original seja três – o que significa que, em média, cada indivíduo infeta três pessoas. Para a variante Delta, o valor de R0 poderá estar entre cinco e nove, segundo dados divulgados recentemente pelo Centro norte-americano de Controlo e Prevenção de Doença (CDC, na sigla inglesa). Cientistas internacionais estimam que o R0 da variante Delta estará entre seis e oito, com uma média prevista de sete.
Em modo de comparação, o vírus da gripe tem um R0 médio calculado de dois – inferior à estirpe original do SARS-CoV-2 – enquanto o vírus da varicela tem um R0 entre o nove e o 12 – ou seja, é mais contagioso do que a variante Delta.
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Avaliação do Polígrafo:
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