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| - Na conferência de imprensa desta tarde, o ministro das Infraestruturas, João Galamba, questionado sobre se foi ou não ele que informou a CEO da TAP sobre a reunião “secreta” com deputados do PS na véspera de uma audição no Parlamento em janeiro, respondeu da seguinte forma:
“Pouco tempo depois de tomar posse como ministro, o Conselho de Administração inteiro da TAP pediu uma reunião urgente comigo. Eu recebi todos, incluindo a CEO da TAP, mas também todo o resto da equipa do Conselho de Administração. (…) Foi-me transmitido que a TAP vivia naquele momento, um momento particularmente exigente, por pré-avisos de greve, por trocas de informação com potenciais interessados, com a iminente divulgação dos resultados… Portanto, era um momento particularmente crítico onde o Conselho de Administração queria estar concentrado na TAP e na condução da gestão da TAP.
E eu, como tinha acabado de chegar, estava empenhado exatamente no mesmo. Tinham sido enviados o caso e as polémicas à IGF e eu, enquanto não saísse o relatório da IGF, o meu empenho e a minha concentração absoluta – e o meu dever, já agora – era criar as condições para que a TAP pudesse ser gerida com a normalidade possível.
Depois, o doutor Frederico Pinheiro informa a minha chefe de gabinete de que a CEO da TAP lhe pediu uma reunião comigo, porque queria falar comigo antes de ir ao Parlamento. E a minha chefe de gabinete responde que claro que sim, marca-se essa reunião. Essa reunião ocorreu no dia 16 e foi articulada entre o doutor Frederico Pinheiro e a própria CEO da TAP. (…) Eu recebi a CEO da TAP, ela falou em termos semelhantes ao que consta das notas do doutor Frederico Pinheiro depois na reunião com o Grupo Parlamentar [do PS], que o foco dela era o Plano de Reestruturação, os resultados da TAP, a importância do momento que vivíamos… E que era muito importante que a ida ao Parlamento não fosse apenas um momento para usar a TAP como armas de arremesso político e que era obrigação dela, como CEO, de falar da TAP, falar do que a TAP tinha de bom e que a TAP não era só casos…
Ela queria falar disso. E eu disse, mas tem toda a oportunidade de falar disso, use a ida ao Parlamento para falar disso. Coisa que a CEO fez. E eu disse, olhe, eu tenho um pedido do Grupo Parlamentar [do PS] – que me tinha chegado, julgo que no dia 13, portanto três dias antes desta reunião de dia 16 com a CEO -, eu disse, olhe, tenho um pedido do Grupo Parlamentar [do PS] para uma reunião preparatória, não faz muito sentido eu ir à reunião preparatória porque não sou eu que vou falar da TAP na reunião preparatória, quem vai falar da TAP na reunião preparatória é a senhora CEO. E portanto, não sei, se quiser participar, já tive informação de que havia interesse em falar consigo, se quiser participar, pode participar.
Ela aí não confirmou que queria participar, às 16h10m da tarde eu recebo uma mensagem enviada pelo doutor Frederico Pinheiro a dizer que a TAP quer participar na reunião, pode? E eu digo que pode.”
O problema é que esta nova versão do sucedido colide frontalmente com a versão descrita no comunicado que o Ministério das Infraestruturas, liderado por Galamba, enviou às redações no dia 6 de abril.
“Foi da TAP que partiu o interesse em que a sua presidente executiva participasse numa reunião com o Grupo Parlamentar do PS e membros do Governo um dia antes de Christine Ourmières-Widener ser ouvida pelos deputados da Comissão de Economia. Essa é a garantia dada pelo Ministério das Infraestruturas, liderado por João Galamba, que, com esta declaração, contraria a CEO da companhia aérea, que esta quarta-feira [dia 5 de abril] disse aos deputados que compareceu na reunião por iniciativa do Ministério das Infraestruturas“, reportou o jornal “Expresso” nesse dia.
“Havia uma reunião marcada, para aquele dia 17 de janeiro (quando estava já agendada para o dia seguinte a audição de Christine Ourmières-Widener), e, diz agora o gabinete de Galamba, ‘o Ministro das Infraestruturas foi informado de que a TAP, na tarde do dia 16 de janeiro, tinha transmitido o seu interesse em participar na reunião com o Grupo Parlamentar do PS'”, informou.
De acordo com o mesmo comunicado, “o ministro das Infraestruturas não se opôs à participação da TAP na reunião, agendada pela Área Governativa dos Assuntos Parlamentares para o dia 17 de janeiro, tendo o seu gabinete procedido em conformidade”.
Ou seja, além de ter garantido que o interesse em participar na reunião tivera origem na TAP – negando ter sido por sugestão sua, ou qualquer intervenção nesse sentido -, Galamba também sublinhou no comunicado que a reunião tinha sido uma iniciativa da “Área Governativa” da responsabilidade de Ana Catarina Mendes, ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares.
Recorde-se que a ministra Ana Catarina Mendes, a 5 de abril, tinha negado estar na origem dessa iniciativa: “Daqui não saiu nenhum convite para reunião com a CEO da TAP.”
Agora, de acordo com a nova versão de Galamba, este terá dito a Ourmières-Widener que “olhe, tenho um pedido do Grupo Parlamentar [do PS] para uma reunião preparatória, não faz muito sentido eu ir à reunião preparatória porque não sou eu que vou falar da TAP na reunião preparatória, quem vai falar da TAP na reunião preparatória é a senhora CEO. E portanto, não sei, se quiser participar, já tive informação de que havia interesse em falar consigo, se quiser participar, pode participar”.
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Avaliação do Polígrafo:
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