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| - “Hoje senti vergonha alheia… Terminar uma corrida e ver na bancada ‘Portimão 2’ o caixote do lixo carregado de sacos cheios de pão é vergonhoso. Nos tempos em que estamos e que muitos atravessam dificuldades deitam o pão para o lixo“, descreve-se numa publicação de 26 de março no Facebook que exibe a fotografia em causa.
“Talvez se as sandes não custassem cerca de 10 euros, não haveria tanto pão a ir para o lixo. Mas são os gestores de negócios que temos. Não sei de quem é a culpa, mas quem o fez um dia pode vir a passar fome”, conclui o autor da denúncia que já acumula quase 8 mil partilhas em pouco mais de um dia.
O Polígrafo questionou Paulo Pinheiro, administrador do Autódromo Internacional do Algarve, sobre esta denúncia.
“Os espaços de alimentação, nas diversas bancadas exteriores do circuito, no Grande Prémio de Portugal, não foram explorados pelo autódromo diretamente. Fizemos uma cedência de espaço à empresa ‘351 Prod Lda.’ que, por sua vez, teve clientes que fizeram a exploração dos diversos espaços de ‘F&B’, nas diversas bancadas exteriores ao longo do fim-de-semana”, começou por responder.
“Só a empresa responsável durante o fim-de-semana poderá responder às questões que coloca, já que não tivemos nem tínhamos possibilidade de ter qualquer tipo de contacto com as referidas empresas”, sublinhou.
De qualquer modo, Pinheiro garantiu que estão “previstas multas para esse comportamento” de desperdício. “Faz parte da nossa política, vamos aplicar multa, mas ainda estamos a trabalhar nisso”.
“Como nota final, não podíamos deixar de referir que partilhamos a indignação geral com esta situação. Aliás, cientes da importância de combater o desperdício e possibilitar refeições a quem mais delas necessitam, o Banco Alimentar fez uma recolha de comida no final do evento, com esse fim em vista, do qual resultaram 700 quilos de alimentos para alimentar famílias carenciadas”, concluiu.
A situação ocorreu na banca “Sabor Serrano”, cujo proprietário, Carlos Silva Branquinho, contactado pelo Polígrafo, confirmou que “as imagens são verdadeiras”.
“Foi ontem [26 de março] quando fechámos, mesmo no final. Isto acontece sempre em todos os eventos, há sempre ou muita ou pouca quantidade. Sobra sempre pão, não conseguimos calcular exatamente o que vai vender. Aquele pão foi do primeiro dia, mas não podemos retirar do estabelecimento enquanto não terminava o evento porque aquilo era de difícil acesso. Aquele pão não está em condições de oferecer e não posso oferecer porque já tem no mínimo dois dias e o pão tem de ser na hora”, explicou Branquinho.
O dono da banca “Sabor Serrano” assumiu ter perdido “o controlo da situação”.
“Quando foi a fechar, houve um senhor da limpeza que me disse ‘olha, tens aqui este pão todo, está descansado que já vou tratar dele e vou levar isto’. Trouxe um contentor de rodas e começou a pôr os sacos. Mas aquilo que se vê não é tudo pão, tinha lá uns plásticos que fazem volume, não era assim tanto. Deviam ser cerca de 50 ou 60 pães, por aí, mas não é isso que está em causa. Ele depois pega no carro e vai por ali fora e eu perdi o controlo da situação”, justificou.
E concluiu da seguinte forma: “Não podia dar pão que já não estivesse dentro da validade. Imagine que havia uma intoxicação alimentar? Não se pode, é proibido. É injusto o que aconteceu, eu todos os dias ofereço sandes [quando sobram] e isso ninguém publicou”.
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Nota Editorial: Após a publicação do artigo, fonte do Autódromo Internacional do Algarve (AIA) indicou ao Polígrafo que Carlos Branquinho (responsável pelo espaço onde foi desperdiçado pão) irá doar 400 euros ao AIA para que o mesmo possa dar ao Banco Alimentar este valor.
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Avaliação do Polígrafo:
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