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  • Conteúdo investigado: Post que circula nas redes sociais usando imagens de homens e mulheres dividindo banheiro coletivo. O conteúdo afirma que “Lula já colocou seu plano em prática”, insinuando que há interesse do governo federal em implantar banheiros unissex. A trilha sonora que acompanha o vídeo cita: “Faz o ‘L’ agora e vem, vem se lascar você também”. Onde foi publicado: Kwai, TikTok e Twitter. Conclusão do Comprova: É falso que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteja colocando em prática plano de implementação de banheiros unissex no País, diferentemente do que sugere vídeo que viralizou nas redes sociais. A peça de desinformação usa imagens de homens e mulheres dividindo um banheiro coletivo para passar a mensagem de que o governo Lula transformará todos os banheiros do Brasil em unissex. Não há informações sobre a origem do vídeo, nem sobre o local e a data em que foi gravado, mas a alegação não é verdadeira. Ao Comprova, o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), por meio da Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, comunicou “que não há nenhuma iniciativa nesse sentido em curso”. Também não há nenhuma informação a respeito no noticiário de veículos de imprensa dedicados a acompanhar políticas públicas do governo federal. Esta não é a primeira vez que o tema vem à tona. Durante o período que antecedeu as eleições de 2022, Lula foi fortemente atacado por opositores que buscavam associá-lo a banheiros unissex. No dia 19 de outubro do ano passado, no evento de lançamento da carta aos eleitores evangélicos, o político, à época candidato, comentou as acusações contra ele. “Agora inventaram a história do banheiro unissex. Gente, eu tenho família, eu tenho filha, eu tenho netas, eu tenho bisneta. Só pode ter saído da cabeça de Satanás a história de banheiro unissex”, disse, na ocasião, o petista. A acusação também foi negada por Lula em entrevista concedida ao Flow Podcast. Iniciativas de checagem, como a UOL Confere, desmentiram que o programa de governo do petista previa banheiro unissex em escolas. Leia mais Ainda em meio ao período eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou a remoção de trechos de um live do então presidente Jair Bolsonaro (PL) no YouTube, em que ele afirmava que o adversário político e o PT seriam a favor da liberação das drogas, do aborto e da implantação de banheiros sem gênero em instituições de ensino. A liminar também ordenou a exclusão de post no Twitter feito pelo cantor Roberto de Souza Rocha, o Latino, com insinuações similares. Lula já havia firmado posição sobre o tema. Em agosto do mesmo ano, lançou uma nota devido à circulação de conteúdos falsos a respeito: “Cuidado com mentiras para assustar adultos. Banheiro unissex é fake news! Lula é a favor de banheiros separados e educação sem cortes.” Também em 2022, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) divulgou comunicado no qual informa que “esta não é uma demanda real de pessoas trans ou NB (não binárias)” e que “a falsa polêmica em torno de banheiros unissex atende aos anseios de gente que a todo instante atua contra os direitos LGBTQIA+”. No posicionamento, a Antra ressalta ainda que, depois de casos de desinformação relacionados a “kit gay”, “ideologia de gênero” e “mamadeiras eróticas” – assuntos que foram tema de verificações do Comprova –, mais uma vez cria-se um inimigo comum no intuito de criminalizar, especialmente, pessoas trans e NB. “As propostas, de cunho meramente eleitoreiro, que usam do pânico antitrans para ganhar notoriedade, continuam aparecendo e sendo defendidas como se fossem verdade.” Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade. Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 29 de maio de 2023, o post no Kwai somava 1,1 mil visualizações e circulava também pelo WhatsApp, aplicativo no qual não é possível identificar a viralização. No Twitter, publicação similar, com o mesmo vídeo, acumulava 57,7 mil views. Como verificamos: Primeiramente, buscamos pelas palavras-chave “Lula”, “vídeo”, “banheiro unissex”. A pesquisa retornou reportagens que desmentiam a afirmação feita no post verificado e citavam a posição contrária de Lula em relação à suposta medida (O Globo, UOL, Metrópoles, UOL Confere, Jota). Na sequência, fizemos uma busca reversa de imagens pelo InVID e encontramos outras publicações do mesmo conteúdo no Twitter, mas não conseguimos chegar ao vídeo original. Pela @ que consta no vídeo como marca d’água, acompanhada da logomarca do TikTok, chegamos ao perfil de um usuário que aparentemente seria o responsável por divulgar o conteúdo pela primeira vez. No feed desse usuário, porém, o vídeo não foi localizado. Ele também não respondeu o contato feito pelo Comprova por mensagem privada. Também fizemos pesquisas por palavras-chave dentro das próprias redes sociais, mas não foram encontrados resultados relevantes. Por fim, entramos em contato com a assessoria do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) e com o autor do post que viralizou. O que diz o responsável pela publicação: O Comprova enviou mensagens privadas ao autor do post no Kwai (Canal-2021) e ao perfil @vadypereira no TikTok, que assina o conteúdo. Não houve retorno até a publicação desta checagem. Após o contato, o perfil de @vadypereira passou a estar indisponível. O que podemos aprender com esta verificação: A peça de desinformação usa vídeo fora de contexto para sugerir que o governo estaria implementando banheiros unissex. Em nenhum momento, porém, o post informa em que local ou data as imagens em questão foram feitas. Sempre desconfie quando o autor do conteúdo fizer uma acusação sem informar o contexto ou citar fontes. Faça uma busca no Google por palavras-chave relacionadas ao tema e procure se informar sobre as questões abordadas junto a veículos de comunicação profissionais. Se houvesse, de fato, implementação de banheiros unissex no país como política de governo, isso estaria sendo noticiado pela imprensa. Por que investigamos: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984. Outras checagens sobre o tema: Temas que envolvem questões de gênero já foram alvo de outras checagens do Comprova. Recentemente, o projeto mostrou que vídeo em que Fernando Haddad anuncia programa de auxílio a pessoas trans é de 2015 e que portaria citada em tuíte enganoso não aborda cirurgias de mudança de sexo. Em 2020, constatou-se que não é verdade que vacina contra a covid-19 cause câncer, danos genéticos ou “homossexualismo” e, em 2018, que Haddad não afirmou que governo deve decidir o gênero das crianças.
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