schema:text
| - “Estamos todos a ser vigiados… Já me sinto russo e tudo”, lê-se na legenda de uma publicação no Facebook, datada de 7 de janeiro. Na imagem do post em que surge a imagem do presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Valente Martins, destaca-se:
“Vigilância das Redes Sociais de Setúbal. Câmara de Setúbal faz relatórios sobre os perfis que usam as redes sociais de Setúbal.”
É feita ainda uma associação entre a KGB, a principal organização de serviços secretos da União Soviética e a autarquia liderada pela CDU. Em abril do ano passado, o “Expresso” noticiou que refugiados ucranianos estavam a ser recebidos na autarquia por russos pró-Putin. A autarquia acabou por afastar a técnica superior de nacionalidade russa responsável pelo projeto e pediu uma investigação ao Ministério da Administração Interna.
Voltando à publicação em análise. Nos comentários é mencionada a reunião pública da Câmara Municipal de Setúbal (CMS), realizada a 4 de janeiro de 2023. “Os vereadores do PS tiveram conhecimento que existe um serviço na Câmara Municipal de Setúbal que está neste momento a fazer o rastreio das páginas de Facebook dos setubalenses”, começou por afirmar Fernando Catarino, vereador socialista em Setúbal.
E acrescenta: “Percebemos o objetivo, poderá ter várias leituras – de trabalhadores da Câmara Municipal de Setúbal terem como principal missão ‘varrer’ as páginas nas redes sociais para identificar comentários que os setubalenses estejam a fazer sobre a vida e o dia-a-dia da nossa cidade. Seja que a nossa rua está suja ou que a passadeira não foi pintada, ou que tivemos um determinado problema, ou que fazemos uma determinada crítica à câmara. E, portanto, percebemos que a câmara esteja atenta e que o senhor presidente e os seus serviços estejam atentos a tudo o que se passa nas redes sociais.”
Em contrapartida, o socialista confessa não perceber os métodos utilizados. “Existe um departamento que tem de facto essa função de analisar os comentários nas páginas das redes sociais. Essa informação é recolhida por esse departamento e é enviada para os vereadores da CM de Setúbal, aqueles que têm pelouro, porque os vereadores do PS que não têm pelouro e estão sem tempo não têm conhecimento dessa informação que é enviada por esse serviço”, afirma.
O vereador apelida o procedimento de “estranho”, embora admita compreender o seu objetivo. Demonstra, no entanto, o seu total descontentamento em relação à identificação do autor do comentário: “Não percebemos o alcance da identificação da pessoa.”
Questionada pelo Polígrafo, fonte oficial do gabinete da presidência da Câmara de Setúbal garante que “através dos seus Departamento de Comunicação, em que está integrado o Gabinete da Participação Cidadã, toma conhecimento de chamadas de atenção, mensagens e reclamações que são realizadas, publicamente, através das diversas redes sociais e que podem necessitar de intervenção dos serviços camarários”.
“A Câmara apenas analisa dados e mensagens públicos, encaminhando queixas, pedidos de ajuda e outras reclamações consideradas pertinentes para os serviços responsáveis e as suas chefias, de modo a aferir os factos e a resolver rapidamente as situações relatadas. Esta preocupação com a solução dos problemas e a satisfação dos munícipes é um objetivo prioritário deste Executivo e é também realizada tendo como base os contactos feitos pelos munícipes por e-mail, por carta ou presencialmente para os serviços da Câmara”, informa ainda o Executivo liderado por André Martins.
Em suma, a publicação analisada extrapola o serviço de identificação de reclamações e pedidos feitos nas redes sociais pelos munícipes de Setúbal. Os relatórios realizados pela autarquia têm como objetivo dar resolução às questões expostas nas redes sociais.
____________________________
Avaliação do Polígrafo:
|