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| - Na edição de 15 de junho, o jornal “Expresso” noticiou que “depois das cativações orçamentais de Mário Centeno, surgem as cativações das estatísticas de acidentes, mortos e feridos nas vias rodoviárias. A ocultação de informações é feita pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) e até, em alguns casos, pela GNR e PSP”. Em causa estava um “apagão estatístico”, na medida em que os relatórios mensais de sinistralidade rodoviária em 2019 não estavam a ser publicados regularmente, ao contrário do que se verificou em anos anteriores.
A partir dessa notícia do jornal “Expresso”, logo nos dias seguintes, multiplicaram-se as publicações nas redes sociais apontando para o agravamento da sinistralidade rodoviária e sublinhando que esse seria a causa para a ocultação dos dados oficiais. Mas confirma-se mesmo que, em 2019, estão a registar-se mais mortos e feridos graves em acidentes rodoviários? Verificação de factos.
Ora, importa começar por indicar que, na edição de 22 de junho, o jornal “Expresso” retomou o mesmo assunto, noticiando que “após o ‘apagão estatístico’, que deixou meses a fio na gaveta números da sinistralidade nas estradas portuguesas (como o ‘Expresso’ noticiou na semana passada), a ANSR lançou de enxurrada, nos primeiros dias desta semana, vários relatórios mensais no seu sítio na Internet. Quatro dos documentos foram publicados pela primeira vez. Já outros três relatórios mensais, conhecidos desde o final de 2018, tiveram uma segunda versão, com uma revisão em alta.
E consultando o relatório de “Informação Periódica – Sinistralidade Rodoviária” (relativo ao período entre 8 e 15 de junho) verifica-se que, de facto, a sinistralidade rodoviária em Portugal está a agravar-se em 2019. No acumulado entre 1 de janeiro e 15 de junho de 2019 registaram-se 212 mortos e 907 feridos graves, números mais elevados do que nos períodos homólogos dos três anos anteriores (no mesmo período de 2016 registaram-se 174 mortos e 832 feridos graves).
Ou seja, desde 2016 que a sinistralidade rodoviária em Portugal está a agravar-se, com mais mortos e feridos graves. E importa aqui salientar que o número de mortos e feridos graves pecam por defeito, na medida em que estas estatísticas apenas contabilizam como “morto” a “vítima cujo óbito ocorre no local do acidente ou durante o respetivo transporte até à unidade de saúde” e como “ferido grave” a “vítima de acidente cujos danos corporais obriguem a um período de hospitalização superior a 24 horas“.
No mesmo relatório destaca-se uma tabela com os totais acumulados nos períodos entre 16 de junho de 2017 e 15 de junho de 2018, por um lado, e entre 16 de junho de 2018 e 15 de junho de 2019, por outro lado. E mais uma vez confirma-se que a sinistralidade rodoviária está a agravar-se: o número de mortos aumentou de 495 para 524 e o número de feridos graves também aumentou de 2.068 para 2.248. Pelo que não restam dúvidas quanto ao agravamento do fenómeno.
Avaliação do Polígrafo:
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