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| - O contexto é a polémica gerada em torno do avultado custo de construção de um altar-palco para a Jornada Mundial da Juventude que vai realizar-se no distrito de Lisboa, de 1 a 6 de agosto de 2023, com a presença do Papa Francisco. Ora, se o altar-palco implica um gasto superior a 5 milhões de euros, em publicação viral no Facebook (datada de 27 de janeiro) traça-se uma comparação com os gastos de dois estádios que foram construídos para o Euro’2004 (competição de futebol masculino entre seleções europeias) que parecem ser ainda mais avultados, desde a construção até aos “encargos financeiros e manutenção” que se prolongam até hoje.
“Os estádios de Aveiro e Leiria custaram 90 milhões de euros cada para dois jogos do Euro’2004 e, desde aí, um consome três milhões e o outro 5 milhões de euros anuais por encargos financeiros e manutenção… E não assisti a nada comparado a este frenesim! Porque será? Vejam bem, comparativo de custos”, realça-se no post em causa, enviado ao Polígrafo com pedidos de verificação de factos.
Os valores indicados têm fundamento?
De acordo com um relatório de auditoria do Tribunal de Contas (TdC), publicado em novembro de 2005, o preço a pagar pelo empreendimento global (estádio, estacionamentos, acessibilidades e outros investimentos ou infra-estruturas) do Estádio Municipal de Aveiro foi de 68.100.783 euros. Por sua vez, o Estádio Municipal de Leiria custou 83.207.473 euros.
Excluindo os gastos em estacionamentos, acessibilidades e outros investimentos ou infra-estruturas, os referidos estádios custaram 51.054.129 euros e 53.850.170 euros, respetivamente.
No relatório salienta-se que “a remodelação do Estádio de Leiria custou mais 2,6 milhões de euros do que a construção do novo Estádio Municipal de Aveiro, o que contrariou a estimativa do Estado/Administração Central que considerava as remodelações substancialmente menos onerosas de que a construção de um estádio novo”.
Quanto às despesas de manutenção, em resposta ao Polígrafo, a Câmara Municipal de Aveiro (CMA) informa que, em 2022, suportou um custo global com o estádio de 1.697.757,24 euros, dos quais 27.025,40 euros em “despesas de capital (manutenção diversas)”, 459.800,07 euros em “despesas correntes (despesas diversas)” e 1.210.931,77 euros em “empréstimos (amortização e juro)”.
Por seu lado, a Câmara Municipal de Leiria (CML) indica que “o custo de manutenção do Estádio Municipal, em 2022, foi de 331.616,16 euros. Quanto aos encargos financeiros relativos à sua construção, em 2022, o valor amortizado foi de 3.440.921,74 euros, tendo os juros representado 602.257,53 euros”.
O valor em dívida da CML referente ao estádio, no final de 2022, ascendia a 13.187.687,47 euros.
Na resposta ao Polígrafo, a CML destaca que “o recinto é utilizado pela União de Leiria para os seus jogos e tem recebido diversos eventos, de que é exemplo a Final 4 da Taça da Liga, que nos últimos três anos se realizou em Leiria, atraindo largos milhares de adeptos”. Mais, “no ano passado, este espaço acolheu 207 eventos, tendo ainda assumido, nos últimos anos, grande importância do ponto de vista social”, além de ter recebido um total de “186.239 espectadores”.
“Recordamos que, aquando da pandemia, o Estádio Municipal de Leiria foi adaptado para centro de testagem, numa primeira fase, e numa segunda fase como centro de vacinação Covid-19, dando resposta a todo o concelho de Leiria. Destacamos ainda que, após a invasão da Ucrânia, os camarotes do Estádio foram adaptados para receber 210 refugiados ucranianos”, acrescenta.
Em conclusão, os valores indicados no post não correspondem aos valores reais que são consideravelmente inferiores.
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Avaliação do Polígrafo:
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