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| - “O próprio presidente da Guiné-Bissau anunciou há pouco tempo que Portugal seria em breve a porta de entrada para a Europa. Está à vista de todos! Acorda Portugal! Será que Portugal irá resistir a mais quatro anos?” Este é o conteúdo da mensagem de uma recente publicação na página do “MAL – Movimento Armilar Lusitano” na rede social Facebook.
A publicação em causa incentiva a assinar a petição pública visando o “impedimento de tomada de posse da impatriota Joacine Katar Moreira”, a recém-eleita deputada à Assembleia da República pelo partido Livre que tem sido algo de uma guerra de desinformação odiosa nas redes sociais.
Na referida petição pública – que já tem mais de 20 mil signatários – acusa-se Joacine Katar Moreira de “comportamento anti-patriótico” e violação da Constituição da República Portuguesa por ter sido empunhada uma bandeira da Guiné-Bissau (por outra pessoa) enquanto celebrava a sua eleição para a Assembleia da República.
É verdade que o presidente da Guiné-Bissau anunciou que Portugal será “em breve a porta de entrada para a Europa”?
Não, não encontramos qualquer registo de que José Mário Vaz, atual presidente da República da Guiné-Bissau, tenha proferido tal afirmação ou sequer algo que aponte nesse sentido.
De facto, quem proferiu essa afirmação recentemente, no dia 3 de julho de 2019, foi o presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, na sessão de abertura do Fórum Económico Parcerias para o Desenvolvimento que se realizou em Lisboa.
“Queremos que Portugal seja a porta de entrada de Moçambique para o mercado europeu. Já é, mas é preciso consolidar para que seja para toda a África”, declarou então Filipe Nyusi.
Ou seja, ao contrário do que sugere a publicação do MAL, esta declaração de Filipe Nyusi (erradamente atribuída a José Mário Vaz) nem sequer aponta para uma “porta de entrada” de imigração, mas sim uma “porta de entrada” ao nível económico, direcionada para as empresas e visando o mercado europeu.
“Não há política nem economia sem uma classe empresarial robusta e empenhada, a delegação que trouxe de empresários foi a maior de todos os tempos, são cerca de 70 empresários”, disse o presidente moçambicano, na mesmo intervenção em que defendeu que apesar de a diplomacia entre os dois países ser excelente, “ninguém come diplomacia“, sendo por isso necessário “alimentar a diplomacia com o crescimento das economias” e mais negócios para melhorar a qualidade de vida dos povos dos dois países.
Em suma, a publicação em análise propaga uma falsidade, enganando os leitores no sentido de incitar a assinar uma petição pública contra a tomada de posse de Joacine Katar Moreira, nascida na Guiné-Bissau mas residente em Portugal desde os oito anos de idade e detentora de nacionalidade portuguesa.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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