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| - No dia 19 de março, a Câmara Municipal de Vizela (CMV), liderada por Victor Hugo Salgado, inaugurou uma estátua em homenagem a António Guterres, antigo primeiro-ministro e atual secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), no âmbito das comemorações do 25.º aniversário da elevação a concelho de Vizela.
O custo da estátua – 89.980 euros – e o respetivo fornecedor (a Artecanter, detida por Dinis Ribeiro, escultor com ligações aos socialistas, tendo sido eleito membro da Assembleia Municipal de Guimarães pelo PS em 2009) estão a gerar polémica, sobretudo nas redes sociais.
De acordo com os dados registados no portal Base, a Artecanter obteve um total de 19 contratos públicos, 15 dos quais com a autarquia de Vizela (e 10 por ajuste direto). Dinis Ribeiro faturou quase 400 mil euros ao longo dos anos.
Na sequência da polémica em curso, leitores do Polígrafo solicitaram uma verificação sobre se o presidente da Câmara Municipal de Guimarães (CMG), Domingos Bragança, também se comprometeu publicamente a adjudicar a Dinis Ribeiro uma estátua no valor de 125 mil euros.
A resposta é positiva.
Os números estão inscritos no Plano Plurianual de Investimentos da autarquia vimaranense, em que constam três esculturas a propósito das “comemorações dos 900 anos da Batalha de S. Mamede”.
A primeira, com um custo total de 125 mil euros, é representativa da Batalha de S. Mamede. A segunda, requisitada há muitos anos pelos habitantes, é uma homenagem à figura de Vímara Peres, no mesmo valor de 125 mil euros. A terceira e última é descrita como “D. Afonso Henriques a Cavalo” e será a mais cara, num investimento total de 215 mil euros. Tudo somado: 465 mil euros em esculturas, com investimento repartido até 2027.
A CMC não lançou ainda qualquer procedimento concursal relativo a estes trabalhos. A confirmação é da própria autarquia ao Polígrafo, que vai até mais longe e indica que, embora tenha já um grupo artístico selecionado, não há ainda certezas quanto aos autores das obras em causa. O Polígrafo questionou a CMG sobre se as três esculturas serão adjudicadas à empresa de Dinis Ribeiro. Uma pergunta a que fonte oficial afirmou “não conseguir responder”.
Não responde agora, mas fê-lo, pelo menos em parte, há cerca de três anos, durante a apresentação do livro “Religare”, da autoria de Dinis Ribeiro. Nessa ocasião, o autarca Domingos Bragança avançou com uma informação que agora nega: “Guimarães vai ter uma estátua a representar a imagem de Vímara Peres”. Autor? Dinis Ribeiro.
A notícia foi publicada em janeiro de 2020 no portal da autarquia: “O presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Domingos Bragança, adiantou este sábado que Guimarães vai ter uma estátua a representar a imagem de Vímara Peres, que fundou a cidade de Guimarães (Vimaranes), a que deu o seu nome. O anúncio foi feito durante a apresentação do livro ‘Religare’, do escultor Dinis Ribeiro, que será o autor da obra de arte.”
Domingos Bragança terá sustentado a escolha de Dinis Ribeiro com base no reconhecimento pela obra do escultor vimaranense: “Em Guimarães temos uma história feita de futuro, nesta religação do passado ao presente e do presente ao futuro e com esta escultura de Vímara Peres estamos a religar e homenagear o iniciador do burgo de Guimarães.”
No entanto, o mesmo autarca que avançou em 2020 com a informação de que seria Dinis Ribeiro a esculpir Vímara Peres nega agora ter atribuído a obra a um autor.
Se se confirmar, Dinis Ribeiro pode encaixar, nos próximos quatro anos, 125 mil euros da CMG por mais uma escultura. Apesar das sucessivas tentativas de contacto não foi possível obter declarações de Dinis Ribeiro.
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Avaliação do Polígrafo:
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