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  • Se já foi vacinado contra a Covid-19 e visitou o médico de família depois disso, descrevendo-lhe o que sentiu depois da administração das doses da vacina, talvez tenha recebido indicação para relatar o que sentiu através do formulário disponível no site do Infarmed. Isto não significa que, automaticamente, tudo o que for reportado pelos utentes no site do Infarmed será considerado pela Autoridade Nacional do Medicamento uma reação adversa à vacinação. São necessários estudos mais aprofundados para provar que há reação entre a inoculação e os efeitos relatados pelos utentes. O mesmo acontece com as plataformas internacionais que estão à disposição dos cidadãos para o efeito. O VAERS foi criado nos Estados Unidos em 1990 para detetar eventuais problemas de segurança relacionados com vacinas aprovadas nos Estados Unidos e qualquer pessoa pode enviar uma notificação, mesmo não sendo o doente afetado. Já o EudraVigilance é um sistema Europeu de gestão e análise de informações sobre suspeitas de reações adversas a medicamentos que foram autorizados ou em estudo em ensaios clínicos na União Europeia. Depois desta introdução, é fácil perceber que a tabela que circula atualmente no Facebook e que pretende mostrar “ao máximo número de pessoas possível” aquilo que as vacinas contra a Covid-19 já causaram até ao momento nas pessoas a quem foram administradas. O problema é que os dados visíveis na imagem têm como fonte essas plataformas onde os cidadãos podem relatar efeitos secundários. Ignorando (ou não valorizando) o facto de que a validação causa-efeito nos casos reportados cabe às autoridades de cada país e que os dados constantes desse quadro ainda não foi submetida a verificação técnica. O Observador já tinha explicado neste Fact Check um caso de utilização indevida de dados deste tipo de plataformas, no caso do VAERS, e pode ainda ler aqui o “relatório de Farmacovigilância – Monitorização da segurança das Vacinas contra a COVID-19 em Portugal”. Publicado no início deste mês, o relatório mostra que o número de reações adversas à vacinação por mil administrações é de 1,2%, representando os casos graves 0,47%. No total de reações adversas notificadas, 40,9% foram consideradas “graves”, enquanto as outras 59,1% foram classificadas como “não graves”. Quase 6.700 suspeitas de reações adversas à vacina registadas em Portugal No caso da Austrália, que surge na imagem com a referência a 303 mortes, basta aceder à página para poder ler: “É importante destacar que os efeitos secundários reportados ao Therapeutic Goods Administration (TGA) muitas vezes não são causados pelas vacinas.” O TGA, que faz a monitorização dos efeitos causados pelas vacinas, direciona ainda os utilizadores da página para uma ligação sobre ‘causalidade’ onde se explica que “os efeitos secundários são suspeitos de estar relacionados com um medicamento, mas que essa relação habitualmente não está correta — uma vez que o sintoma pode estar relacionado com outros fatores” e que “pode não haver relação entre o evento adverso e o medicamento —, resultando de uma coincidência que o efeito secundário tenha surgido aquando da administração dos medicamentos”. Conclusão Os casos de reações da tabela são apresentados como consequência direta da vacinação contra a Covid-19. No entanto, como alertam os vários sites de utilização aberta e disponíveis para reporte de reações — na Europa, nos EUA ou mesmo na Austrália —, esses reportes não foram alvo de validação científica. Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é: ERRADO No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é: FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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