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| - As publicações sobre o tema multiplicaram-se nos últimos dias: “Lula da Silva decidiu transformar o seu último mandato presidencial num reality show.” E porquê? Alegadamente por ter roubado um crucifixo, “uma obra de Aleijadinho, que desapareceu do Planalto depois da mudança de Lula em 2011”.
“A Polícia Federal encontrou uma sala-cofre numa agência do Banco do Brasil, em São Paulo, que guardava bens do então ex-Presidente. O acervo estava guardado em 23 caixas lacradas, somando 133 itens, incluindo joias e obras de arte que o ex-Presidente havia recebido de outros Governantes enquanto estava no cargo. Mas no meio deste acervo, essa obra, que pertence ao Palácio do Planalto, também foi encontrada”, lê-se num dos “posts” divulgado depois da tomada de posse do Presidente do Brasil que sucede a Jair Bolsonaro.
Um vídeo, entretanto apagado das redes sociais, expunha exatamente o mesmo acontecimento, tendo por base uma notícia, publicada pela revista Veja, e que dava conta de que a Polícia Federal teria encontrado jóias e obras de arte num cofre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No mesmo cofre, um suposto “crucifixo que desapareceu do Planalto”. A agência Lupa verificou esta informação, chegando à conclusão de que a mesma se baseia numa análise pouco fiel à verdade.
Desde logo porque a reportagem da revista Veja é antiga (foi publicada a 11 de março de 2016, no auge da Operação Lava Jato). Ao contrário do que sugere a peça, Lula não roubou o crucifixo. A peça foi oferecida ao atual Presidente, em 2003, por Jo´se Alberto de Camargo, presidente da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração. Assim sendo, a mesma não se constitui como “património público” nem tampouco estava “desaparecida” do acervo do Palácio do Planalto.
Depois de receber o presente, Lula da Silva entendeu por bem afixar o crucifico numa coluna naquele que era o seu gabinete no Palácio do Planalto. Em março de 2009, enquanto o Planalto sofria algumas obras de restruturação, “Lula levou o crucifixo para uma sala no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília”. Só em agosto de 2010 é que a peça voltou ao gabinete presidencial, tendo sido colocada mesmo atrás da mesa do Presidente.
A chegada de Dilma Rousseff ao poder, em janeiro de 2011, fez com que o crucifixo fosse retirado do gabinete e levado para São Paulo, dentro de um avião da Força Aérea Brasileira, a par com um conjunto de “outras peças valiosas do acervo de Lula”.
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Avaliação do Polígrafo:
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