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| - Quando esta publicação surgiu no Facebook e começou a ser partilhada até um nível viral, a 12 de julho, registava-se uma enorme quantidade de fogos ativos no território de Portugal. Nesse contexto, o autor do texto lembra um um projeto desenvolvido pela Força Aérea Portuguesa (FAP), o “projeto nacional módulo MAFFS – Modular Airborne FireFighting System“.
As características são impressivas: “10.200 litros de líquido, ataque bruto para acabar de vez com grandes incêndios“; “Equipa ‘Hércules’ C-130 da Força Aérea, pilotado por equipas da Força Aérea”; “Voa sem visibilidade e em condições extremas de vento“. Mas, de acordo com o post, estes meios estão “arrumados na base aérea de Alverca para satisfazer o lobby do negócio dos helicópteros”.
Mas será que estes meios estão realmente parados? E podiam ou não estar a ser utilizados?
Num comunicado de 15 de julho da FAP informa-se que “com a descontinuação do Modular Airborne Firefighting System (MAFFS), há cerca de 20 anos, deixou de existir” a capacidade de utilizar os C-130H no combate a incêndios. “Durante a década de 1980, mais concretamente, a partir de 1983, a Força Aérea operou um sistema modular aplicável à frota C-130H Hércules, denominado MAFFS, equipamento que permitia adaptar aquelas aeronaves à realização de missões de combate direto (largada de água) e indireto (largada de calda retardante) a incêndios“.
Na década de 1990, porém, “fruto da reorganização de meios de combate a incêndios, realizada pelo Ministério da Administração Interna, o emprego deste sistema decresceria significativamente, tornando-se nulo a partir de 1996“. A nova estratégia do Governo de então, indica a FAP, “contemplava a locação de meios aéreos em detrimento da utilização dos meios da Força Aérea, tornando-se cada vez mais evidente que o emprego do C-130H/MAFFS ficaria fora do plano“.
Assim, “decorridos cerca de 13 anos desde a última utilização efetiva e regular do referido sistema, e considerando que o equipamento apresentava sinais evidentes de degradação, resultado da falta de utilização e do seu envelhecimento (25 anos), decidiu-se proceder à alienação dos equipamentos em 2009“, sendo que em maio de 2013 o processo foi concluído.
Questionado pelo Polígrafo, o Ministério da Defesa Nacional (MDN) remeteu, quase ipsis verbis, para a mesma explicação. Quanto às dúvidas sobre se estas aeronaves não seriam mais baratas e eficazes no combate aos incêndios do que os Kamov ou os Canadair, a mesma fonte garante que “não cabe ao MDN pronunciar-se sobre a eficácia das aeronaves“.
De acordo com a informação disponibilizada na página da FAP, o C-130H “é um avião quadrimotor, turbo-hélice, de asa alta e trem retrátil“, possui uma abertura em rampa na parte traseira que facilita “as operações de carga e descarga”, assim como o “transporte de cargas volumosas (viaturas pesadas), o lançamento de carga em paraquedas ou por extração a baixa altitude e ainda, o lançamento de paraquedistas”.
Um C-130H pode “transportar até 74 macas e, na versão C-130H-30, poderão ser evacuados até 97 feridos ou doentes”. Estas aeronaves possuem características operacionais que garantem à FAP as condições ideais para proceder a operações de combate a incêndios florestais. O avião tem um comprimento máximo de mais de 34 metros, 40 metros de envergadura e 11,65 metros de altura, atingindo uma velocidade máxima de perto de 589 km/h e tendo uma autonomia de 6.480 quilómetros.
Em resposta ao Polígrafo, o MDN recorda que “a Resolução do Conselho de Ministros n.º 27/2021, que aprova a aquisição e locação de meios aéreos pelo Estado para o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) para os anos de 2023 a 2016, onde se incluem helicópteros e aviões anfíbios pesados, pretende garantir um dispositivo aéreo próprio ao longo de todo o ano, complementado com a locação de meios adicionais nas fases mais exigentes e com maior empenhamento operacional no DECIR”.
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Avaliação do Polígrafo:
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