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| - “O anti-sistema recebeu durante três anos 2.105 euros por mês, dos contribuintes, para a sua bolsa de investigação”, alega-se na publicação em causa, em referência ao deputado André Ventura, líder do partido Chega e candidato à Presidência da República.
“André Ventura é tão anti-sistema que recebeu do Estado as quantias: em 2009, 27.940 euros; em 2010, 27.340 euros; em 2011, 20.510 euros. Em três anos, o anti-sistema recebeu do sistema 75.790 euros, 2.105 euros por mês durante três anos”, especifica-se, mostrando imagens de registos que supostamente comprovam os valores recebidos.
As recorrentes críticas de Ventura a subsídios estatais como o Rendimento Social de Inserção (RSI) estarão na origem desta publicação e, aliás, são referidas em vários comentários.
Questionado pelo Polígrafo, o líder do Chega rejeita esse paralelismo e diz ser “absurdo falar de subsidiodependência numa bolsa de investigação científica atribuída em função de critérios do projeto científico e outras variantes, como a média final de licenciatura de 19 valores, e onde se têm de apresentar resultados periodicamente“.
De facto, Ventura licenciou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, com média final de curso de 19 valores, conforme está registado em Curriculum Vitae publicado na página do Centro de Investigação e Desenvolvimento sobre Direito e Sociedade (CEDIS) da referida instituição de ensino.
Posteriormente, Ventura concluiu um doutoramento em Direito Público na Universidade de Cork, Irlanda. Foi para esta etapa do seu percurso académico que concorreu a uma bolsa da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), agência pública nacional de apoio à investigação em ciência, tecnologia e inovação, tutelada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
De acordo com os dados publicados na página da FCT, entre 2009 e 2011, o valor atribuído a um aluno de doutoramento no estrangeiro era de 1.710 euros mensais. Além de outros subsídios, há também o pagamento anual por registo, propinas e custos associados num máximo de 12.500 euros.
“É público e já noticiado que fui bolseiro da FCT no âmbito da investigação científica de doutoramento”, sublinha Ventura, lamentando que esta seja “apenas mais uma tentativa de confundir as pessoas e de atacar o André Ventura e o Chega, seja de que maneira for e, especialmente, nesta fase em que nos aproximamos das eleições presidenciais às quais sou, como é sabido, candidato”.
Confirma-se assim que Ventura recebeu os valores indicados na publicação no âmbito de uma bolsa de investigação da FCT para um doutoramento em Direito Público na Universidade de Cork, Irlanda.
Ao não referir que se tratou de um doutoramento no estrangeiro, porém, apresentando somente o valor total da bolsa, a publicação em causa poderá induzir em erro. De resto, tratou-se de uma bolsa atribuída mediante critérios de mérito académico.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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