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| - Rui Rio afastou-se da campanha política interna do PSD, está focado em preparar o partido para as eleições antecipadas e continua a apresentar argumentos contra a candidatura de Paulo Rangel. Desta vez devido ao tempo de preparação que o adversário tem para as legislativas, caso vença as internas.
“Sempre que alguém se propôs a eleições a um, dois, três meses, perdeu”, garantiu o líder social-democrata na entrevista à RTP, justificando que Paulo Rangel tem poucas probabilidades de vencer o PS, mesmo que ganhe no confronto direto com o atual presidente social-democrata.
No seguimento da afirmação, o próprio presidente do PSD apresentou exemplos: Costa Pinto, Almeida Santos e Ferro Rodrigues.
Rui Rio: “Rangel não está preparado para ser primeiro-ministro”
Vamos aos números: Costa Pinto estava à frente do PSD quando se candidatou a primeiro-ministro. A indicação foi feita no X Congresso do PSD, entre 25 e 27 de fevereiro de 1983, e as eleições ocorreram dois meses depois, no dia 25 de abril desse mesmo ano.
O PS saiu vencedor dessas eleições, Mário Soares tomou posse como primeiro-ministro e Costa Pinto acabou por aceitar um Bloco Central e o lugar de vice-primeiro-ministro. Independentemente do cenário construído no pós-eleitoral, Rio tem razão quando diz que Costa Pinto não venceu as eleições pouco tempo após ser definido como candidato.
Cavaco Silva chega a liderança a 17 de maio de 1985. E decide rasgar o Bloco Central. Na sequência da queda do Governo, Mário Soares apresenta a demissão da liderança e Almeida Santos é escolhido para ser líder interino em junho de 1985. Menos de quatro meses depois estava a ir a votos e a perder para Cavaco Silva. Mais um carimbo verde para Rio.
António Guterres foi eleito secretário-geral do PS em fevereiro de 1992, três anos antes de ir a votos em legislativas contra Fernando Nogueira, eleito em fevereiro de 95, oito meses antes das eleições nacionais. Nem assim com um resultado diferente.
Durão Barroso foi eleito em maio de 1999, sucedendo a Marcelo Rebelo de Sousa. Foi a votos a 10 de outubro de 99, portanto cinco meses depois de chegar à liderança do PSD e perdeu. A sorte haveria de mudar. António Guterres cai em 2001 e Durão Barroso, três anos depois de chegar à presidência do PSD, consegue ser escolhido primeiro-ministro.
Sai Durão entra Santana Lopes, o Governo dura quatro meses, novas eleições. José Sócrates tinha sucedido a Eduardo Ferro Rodrigues em setembro de 2004 e ganha as eleições em fevereiro de 2005, cinco meses depois de chegar a líder do PS e com a primeira e única maioria absoluta da história do PS.
Pedro Passos Coelho foi eleito líder do PSD em 2010 e foi a votos um ano depois, derrotando António Costa. O atual primeiro-ministro sucedeu a António José Seguro na liderança do PS em novembro de 2014, apresentou-se a votos um ano depois mas acabaria derrotado por Passos — apesar de ter construído a ‘geringonça’ que permitiu chegar ao poder.
Já Rui Rio teve mais de um ano e meio de preparação e perdeu frente a António Costa, após quatro anos de geringonça.
Conclusão
A análise feita por Rui Rio na entrevista à RTP é verdadeira. Na história da democracia portuguesa, não há nenhum líder partidário que tenha vencido umas eleições com menos de cinco meses de liderança.
Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:
CERTO
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