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| - Já no final de uma audição de mais de cinco horas, em resposta ao deputado comunista Bruno Dias, o antigo administrador da TAP, Diogo Lacerda Machado, destacou: “O maior período de paz laboral na TAP foi enquanto eu lá estive. Não fui eu, obviamente, mas não houve nenhuma greve na TAP entre 2015 e a que houve o ano passado. Sim. O maior período de paz laboral na TAP foi aquele período… é o que é. Objetivamente. Pode verificar.”
A insistência de Lacerda Machado teve origem na dúvida de Bruno Dias: o deputado comunista estava desconfiado. “2015?”, perguntou, sendo seguido da confirmação do então administrador. Afinal, será que a paz na TAP foi assim tão duradoura?
Nem por isso. Além dos vários pré-avisos de greve que foram sendo feitos e só depois levantados, por acordo com a companhia aérea, o que é certo é que em 2017, no início do mês de setembro, os trabalhadores da TAP no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, avançaram com uma greve ao trabalho extraordinário durante duas horas por dia. O protesto durou dois dias, teve adesão de 100% e acabou com um acordo entre as partes.
De acordo com o comunicado publicado à data pelo Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes da Área Metropolitana do Porto (STTAMP), existia então uma “deterioração das relações laborais entre trabalhadores e Chefia da Escala TAP, no que diz respeito especificamente à Escala do Porto”.
“Os sucessivos episódios registados e reproduzidos pelos trabalhadores põem a nu uma clara tendência para a prepotência e autoritarismo por parte da chefia de escala local, em clara violação tanto da regulamentação interna da empresa, no que concerne por exemplo ao Código de Ética do Grupo TAP e ao regulamento de limitação de poderes de chefia”, continuou o sindicato.
Em causa a “não contabilização de trabalho extraordinário, em prolongamento/antecipação ou por falta de intervalo de refeição” e “a desconfiança e colocação em dúvida quanto à boa-fé dos trabalhadores em relação a esquecimentos de picagem, passando pela ineficiente organização dos tempos de trabalho e pela desconsideração pelas opiniões válidas dos subordinados”.
Por estes motivos, a greve ao trabalho extraordinário previa ter efeitos a partir do dia 5 de setembro de 2017, “incluindo ainda um período diário de greve efectiva entre as 12:00h e as 14:00h, com a duração até ao dia 5 de outubro de 2017“. Porém, e “com grande satisfação”, o sindicato conseguiu “resultados palpáveis no seguimento das acções tomadas pelos trabalhadores da TAP/Porto associados no STTAMP”.
Pedro Ramos, à altura recém-empossado Diretor de Recursos Humanos da TAP, “fez com que os trabalhadores afetos ao STTAMP aceitassem desconvocar a greve em curso, greve essa que nos primeiros dois e únicos dias de realização teve uma adesão de 100%, numa clara demonstração de espírito democrático e de orientação para o diálogo, facto que muito nos orgulha e que deve ser tomado como um exemplo para todos os que lutam pelos seus direitos, liberdades e garantias”.
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