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| - Ao contrário do que afirma um vídeo que circula no Facebook, não há evidências de que o uso de aparelho celular cause câncer no cérebro de crianças. Segundo órgãos e especialistas, estudos feitos sobre o assunto até agora são insuficientes e inconsistentes em estabelecer a suposta relação.
O que diz o post
Em um vídeo, um homem faz uma série de indicações sobre os supostos riscos da radiação emitida pelo aparelho celular e o contato com o corpo humano. Ele afirma ainda que "a quantidade de crianças com câncer no cérebro por causa de celular é absurda".
Por que é falso
Não é possível estabelecer relação. De acordo com o oncologista pediátrico Sidnei Epelman, coordenador do Grupo Cooperativo de Tumores do Sistema Nervoso Central da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica, não está provado que o uso do celular como causa de câncer. O especialista destaca que, se houvesse essa relação, o número de incidência de tumores cerebrais deveria ter aumentado nos últimos anos.
Se tivesse (relação), a gente deveria esperar um número maior de casos nessa época. Não está crescendo. O número de casos (de tumores cerebrais infantis) é muito estável.
Sidnei Epelman
Segundo o oncopediatra, tumores cerebrais são a segunda maior incidência de câncer em crianças. Não há uma causa estabelecida para a ocorrência desse tipo de câncer.
Não há evidências. A chefe da Área Técnica Ambiente, Trabalho e Câncer do Inca (Instituto Nacional do Câncer), Ubirani Otero, explica que a radiação emitida por campos eletromagnéticos foi classificada pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer como tendo evidências limitadas para câncer. "Tem evidências em animais, mas não tem evidências consistentes em humanos", afirma.
Mas, segundo o Instituto Nacional de Câncer dos EUA, não foi encontrado evidências de que a radiação não-ionizante emitida por celulares, cause câncer (leia aqui, em inglês).
Estudos recentes. De acordo com o FDA (Food And Drug Administration), a Anvisa dos Estados Unidos, "as evidências científicas disponíveis não relacionam a radiação emitida por celulares com nenhum problema de saúde" (leia aqui, em inglês). Um estudo epidemiológico sobre os efeitos do uso de celular entre crianças e jovens adultos, feito em 14 países e publicado em 2022, concluiu que não há evidência entre o uso de celular e câncer cerebral entre crianças e jovens (leia aqui, em inglês).
Sem diferença. Outro estudo, produzido pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC, da OMS), e divulgado em março deste ano, concluiu que pessoas com maior tempo de exposição ao celular não têm risco aumentado de desenvolver câncer cerebral em comparação com usuários mais moderados de celulares (leia aqui, em inglês).
"A ocorrência de tumores cerebrais entre os 10% dos participantes com o maior quantidade de horas de uso de celulares não diferiu da ocorrência em participantes com menor uso de celulares. Essas descobertas sugerem que o uso de aparelhos celulares não está associado ao risco aumentado de desenvolvimento desses tumores (em tradução livre)".
Estudo da IARC
Viralização: O post no Facebook somava mais de 44 mil curtidas e 15 mil compartilhamentos até esta quinta-feira (21).
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