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| - Numa altura em que as notícias de horas intermináveis de espera no Hospital de Santa Maria se multiplicam, uma utente deixa um desabafo indignado nas redes sociais sobre a sua experiência.
“É [o] estado da nossa saúde. Estou no hospital Santa Maria [em] Lisboa, remetida para um contentor aberto nas laterais, a entrar chuva tocada a vento. Os pés estão na água. E estou com um problema respiratório. Há pessoas aqui desde as 10h da manhã. É vergonha e falta de respeito”, começa por detalhar a paciente, que conclui: “Falamos tanto em direitos humanos e depois numa sociedade supostamente civilizada há este cenário.”
O post foi publicado no Facebook no dia 30 de dezembro. Confirmam-se estas condições?
O Polígrafo contactou a utente em causa, que explicou que se deslocou àquela unidade hospitalar depois de contactar a linha Saúde 24 por estar com dificuldades respiratórias. Aconselhada a recorrer ao Hospital de Santa Maria, logo que chegou foi encaminhada para o covidário devido aos problemas respiratórios, ainda que não tivesse testado positivo à Covid-19. De seguida, foi-lhe indicado que teria de esperar naquele local – e que o atendimento “seria demorado”.
“Deparei-me com o cenário frio, desconforto como se vê nas fotos. Éramos uns 13, pensei também que não seria assim tão demorado”, relata a paciente ao Polígrafo. Horas depois, e após questionar outros utentes e perguntar na recepção quanto mais tempo teria de esperar, sem que lhe fosse dada uma resposta concreta, decidiu recorrer a uma consulta particular uma vez que às 18h [5 horas depois de ter dado entrada] ainda não tinha sido atendida. “A espera naquele dia estava nas 17h à chuva e ao vento”, alega a mulher.
O Polígrafo contactou o gabinete de comunicação do Hospital de Santa Maria, que esclareceu que este “espaço de apoio à urgência para doentes respiratórios, instalado durante a pandemia de Covid-19 e destinado a quem aguarda inscrição ou a acompanhantes, tem precisamente como objetivo proteger os utentes das condições atmosféricas adversas”. Mais: “Por uma questão de prudência em saúde pública, para evitar possíveis contágios numa zona de elevado risco de transmissão, foi necessário criar soluções para assegurar a circulação de ar, havendo a preocupação em minimizar o desconforto de quem transitoriamente tem de aguardar neste espaço.”
Questionado sobre as condições deste espaço, o Hospital afirma que tem “aberturas apenas de um lado” e que “não é suposto ser para permanências prolongadas, embora não possa comentar casos em particular”.
Aponta ainda que os “números de afluência ao ‘covidário‘ nesta fase são baixos, 20 a 30 doentes por dia, nada comparável com outras fases da pandemia”.
Sobre se é possível que o tempo de espera se tenha aproximado das 17 horas, como referido pela utente, o gabinete de comunicação garantiu que “parece difícil” – e recusou-se a “comentar casos isolados”.
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