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| - Um relatório com o logótipo do SIRP (Sistema de Informações da República Portuguesa), aparentemente classificado como “ultra secreto”, começou a circular nas redes sociais. O documento tem a data de 11 de janeiro de 2025 e revela a preparação para uma alegada “Operação Estratégica — Protocolo Aquila 26”, que terá como grande objetivo “reduzir a influência política de André Claro Amaral Ventura, através de ações não convencionais, cirúrgicas e secretas”. Apesar da criatividade do seu anónimo autor, o relatório não só é falso como o próprio gabinete do secretário-geral do SIRP confirmou ao Observador que já fez queixa junto da Procuradoria-Geral da República.
O relatório falsificado tem todos os ingredientes para ser uma duradoura e prolongada informação falsa. Os criadores do documento utilizaram vários elementos para que parecesse verosímil. Desde logo, a folha em fac simile que foi difundida em várias publicações nas redes sociais tem o símbolo verdadeiro do SIRP. Depois, atribuíram a autoria aos Serviços de Informações Estratégicas de Defesa (SIED). Além disso, o documento tem como destinatários cargos que seriam plausíveis em serviços secretos (“chefe de divisão de operações”, “analista sénior” ou “diretor de operações”) e ainda apresenta nomes rasurados. Tudo isto pretende tornar o documento mais autêntico.
O documento apresenta um contexto prévio em que a candidatura de André Ventura às Presidenciais poderia ter um “crescimento significativo” e que isso, no entender das secretas, significava um “risco considerável para a estabilidade democrática do país”. Ora, perante isso, o mesmo documento apontava o lançamento da operação Aquila 26, que pretendia retirar influência a André Ventura através da execução de “três principais objetivos”: “Expor inconsistências ou contradições no discurso público de Ventura, aproveitando materiais existentes ou ampliando narrativas”; “Desestabilizar a sua base eleitoral, com campanhas indiretas de desinformação que fomentem dúvidas entre os seus apoiantes”; e, por último, “promover narrativas credíveis que questionem a sua conduta, valores ou integridade, garantindo que qualquer ligação ao SIED permaneça indetectável”. Tudo isto foi, claro, inventado pelos criadores deste conteúdo falso.
Os mesmos autores partilharam uma segunda página que apresentava um plano de ação em três fases, com a primeira a começar a 15 de fevereiro de 2025 e a última a começar em novembro de 2025. Há várias imprecisões que, numa análise mais fina, permitem perceber a falsidade do documento. A publicação refere-se, por exemplo, a um artigo do Código Nacional de Segurança, alegadamente referente a sanções aos membros das secretas — que também é completamente inventado.
Se dúvidas ainda existissem sobre a veracidade do documento, o gabinete do secretário-geral do SIRP foi bastante claro em respostas oficias enviadas ao Observador: “O referido documento é falso“. Além disso, na mesma resposta o SIRP informa que “dirigiu uma participação à Procuradoria-Geral da República”.
Conclusão
Apesar do esforço dos autores da publicação para forjarem um documento que parecesse verdadeiro e altamente conspirativo, o relatório das secretas com um plano para enfraquecer André Ventura é completamente falso. A forma como o SIRP desmentiu claramente qualquer relação com o documentou e o facto de ter enviado uma queixa para PGR mostra não só a falsidade do documento, mas também a forma como os serviços de informação levaram a sério esta tentativa de desinformação.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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